terça-feira, 27 de novembro de 2007

«SÉTIMO DE CAVALARIA»

t.p.: «Sétimo de Cavalaria»
t.o.: «7 th. Cavalry»
t.f.: ***
t.e.: «El Séptimo de Caballería»
t.br.: «A Sétima Cavalaria»/«O Fantasma do General Custer»

Ficha técnica

Realização : Joseph H. Lewis
Ano de estreia : 1956
Guião : Peter Packer
Fotografia (cor) : Ray Rennahan
Música : Mischa Bakaleinikoff
Montagem : Gene Havlick
Produção : Harry Joe Brown
Distribuição : Columbia Pictures
Duração no cinema : 75 minutos

Ficha artística

Randolph Scott (capitão Tom Benson), Barbara Hale (Martha Kellog), Jay C. Flippen (sargento Bates), Frank Faylen (sargento Kruger), Jeannette Nolan (Charlotte Reynolds), Leo Gordon (Vogel), Denver Pyle (Dixon), Harry Carey Jr. (cabo Morrison), Michael Pate (capitão Benteen), Donald Curtis (tenente Bob Fitch), Frank Wilcox (major Reno), Pat Young (Young Hawk), etc...

Sinopse
O capitão Thomas Benson, do Sétimo Regimento de Cavalaria dos Estados Unidos, regressa a Fort Lincoln -sede dessa prestigiosa unidade- após uma licença que lhe fora regulamentarmente concedida pelo seu comandante. Com ele viaja Martha Kellog, filha de um oficial superior do exército e sua futura esposa.
Benson encontra o forte num lamentável estado de abandono, com os homens da sua guarnição, incluindo os graduados, a curtirem bebedeiras por todos os cantos. Surge, então, a mulher de um oficial que informa o recém-chegado capitão do desastre de Little Big Horn e ousa acusá-lo de cobardia, pelo facto de ele não se encontrar ao serviço aquando da malograda expedição de Custer contra os pele-vermelhas e, assim, ter escapado com vida ao massacre da fina flor do seu próprio regimento.
A situação que se apresenta ao capitão Benson -totalmente desconhecida do oficial- vai agravar--se quando o coronel Kellog (pai de Martha) chega a Fort Lincoln e revela à filha o passado de batoteiro profissional do seu noivo e se manifesta, uma vez mais, contra o projectado casamento dos dois jovens.
Ferido no seu orgulho e disposto a limpar a sua honra, Tom Benson oferece-se para levar a cabo uma perigosa e melindrosa missão : comandar uma coluna militar, que deverá visitar o vale de Little Big Horn, onde ocorreu a malfadada batalha. E, ali, dar uma sepultura cristã à tropa e, se possível, de lá repatriar os corpos dos oficiais mortos em combate. O problema que se põe ao ressentido capitão, é que os Sioux e os Cheyennes -seus aliados- que haviam derrotado George Armstrong Custer e os seus homens, já haviam, entretanto, consagrado o lugar da terrível batalha como interdito e inviolável...
Comentário
«Sétimo de Cavalaria» é um western militar no qual a acção é, curiosamente, secundarizada a favor do estudo psicológico dos seus intervenientes. Nomeadamente do capitão Benson e do seu comandante, o famoso general Custer (invisível no filme), cuja competência e sentido das responsabilidades são aqui claramente postos em causa.
Embora o público deste género de fitas tivesse. aquando da sua estreia, e até depois disso, achado esta obra de Lewis excessivamente verbosa e algo chata, nós temos uma opinião diferente. Achamos que se trata de uma das boas películas do seu realizador e um bom filme sobre a condição militar nas unidades que, em finais de oitocentos, o governo de Washington afectou à luta contra os guerreiros índios da Grande Pradaria.
Do lado da interpretação, refira-se que Randolph Scott fez aqui um excelente trabalho, que não destoa na sua vasta filmografia, quase totalmente consagrada ao cinema western. Bem esteve, igualmente, a bela Barbara Hale, actriz que ganharia fama na televisão a partir de 1957, ano em que ela começou a encarnar a figura de Della Street, a graciosa secretária do advogado Perry Mason. Lembramos que esta popularíssima série foi produzida pela companhia CBS e que, na sua primitiva forma, foi exibida -nos Estados Unidos- durante 150 semanas consecutivas, em episódios de 50 minutos. Daí a celebridade grangeada por miss Hale.
O filme aqui em apreço contou também com o saber profissional de alguns dos melhores actores secundários da Hollywood do tempo. Como, por exemplo, Jay C. Flippen, Leo Gordom, Denver Pyle ou Michael Pate.
(M. M. S.)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

«WOMAN THEY ALMOST LYNCHED»

t.p.: ***
t.o.: «Woman They Almost Lynched»
t.f.: «La Femme Qui Faillit Être Lynchée»
t.e.: ***
t.br.: «A Renegada»

Ficha técnica

Realização : Allan Dwan
Ano de estreia : 1953
Guião : Steve Fisher
Fotografia (p & b) : Reggie Lanning
Música : Stanley Wilson
Montagem : Fred Allen
Produção : Herbert J. Yates
Distribuição : Republic Pictures
Duração no cinema : 90 minutos

Ficha artística

John Lund (Lance Horton), Brian Donlevy (William Quantrill), Audrey Totter (Kate Quantrill), Joan Leslie (Sally Maris), Ben Cooper (Jesse James), Nina Varela (Delilah Courtney), James Brown (Frank James), Ellen Corby (uma mulher), Fern Hall (uma mulher), Minerva Urecal (senhora Stewart), Jim Davis (Cole Younger), Ann Savage (Glenda), Nacho Galindo (John Pablo), Virginia Christine (Jenny), etc...
Sinopse
Está-se na primavera de 1865, último ano da guerra civil. Sally Maris chega de diligência a Border City, localidade de uma zona neutra, enclavada entre os estados do Arcansas (nortista) e o do Missouri (sulista).
Sally viera juntar-se ao irmão, um indivíduo de moralidade pouco recomendável, que gere o saloon «Lead Dollar», o maior e mais movimentado estabelecimento comercial da terra. Mas, no decorrer de uma rixa que envolvera alguns membros do bando de Quantrill, o irmão de Sally é abatido a tiro por Lance Horton, que agira em estado de legítima defesa.
Embora Sally não o queira ouvir e lhe tenha manifestado a sua antipatia, Horton oferece-lhe a sua protecção; até porque Kate Quantrill (actual mulher do guerrilheiro, mas que fora, outrora, a companheira do defunto irmão de Sally) lhe dirigira várias e indissimuladas ameaças.
Sally retoma a gerência do negócio do irmão e acaba por pagar as pesadas dívidas de jogo que este contraíra. E acaba, também, por sucumbir ao charme de Horton, que é, na realidade, um oficial do Sul em missão de espionagem em Border City.
Um diferendo com Quantrill, a quem Horton recusa vender chumbo para o fabrico de munições, acaba por estalar e por desmascarar o agente secreto da Confederação. Para o salvar, Sally forja documentos falsos, que acabam por conduzi-la à forca. Mas a execução aborta, graças à providencial intervenção de Kate Quantrill, que apesar do rancor que nutre por Sally (que a batera em duas circunstâncias) lhe reconhece uma grande coragem física e uma infinda generosidade.
O tempo passa e Lance Horton, que, naturalmente, se ausentara da cidade, aparece ali fardado de capitão do exército confederado para anunciar o fim da gurra. Notícia que é jubilosamente festejada, tanto pelos partidários dos rebeldes sulistas, como pelos simpatizantes ianques.
Nesse contexto, Sally e Lance podem, desde logo, dar largas ao amor que sentem um pelo outro. Sentimento que a separação forçada e os perigos da guerra haviam sublimado.
Comentário
Esta modesta fita de Dwan foi inspirada numa novela de Michael Fessier publicada, pela primeira vez, nas páginas do «Saturday Evening Post» História banal que, uma vez mais, oferecia protagonismo a algumas das mais conhecidas figuras do banditismo norte-americano do século XIX : irmãos James e Younger, por exemplo. O vedetismo desta película era, no entanto, proporcionado aqui a duas mulheres, sendo uma delas a arrependida esposa (inventada para a circuntância) do célebre guerrilheiro Quantrill, o ignóbil chacinador da cidade de Lawrence.
Esta fita, sem grandes atractivos cinematográficos, é, apenas, mais um banalíssimo trabalho do incansável Allan Dwan, cineasta que embora nos tenha oferecido algumas obras meritórias, realizou, sobretudo, séries B como «Woman They Almost Lynched» em quantidades verdadeiramente industriais. A ausência de título nacional revela que este filme nunca chegou a ser estreado nas salas portuguesas.
O casting do filme revela a ausência de vedetas. Facto que, por essa época, permitia poupar muito dinheiro à companhia produtora. Companhia que visava um público popular, notoriamente conhecido pela modéstia das suas exigências. E ao qual bastava, na verdade e para ficar plenamente satisfeito, meia dúzia de cenas de pancadaria ou de atroadoras trocas de tiros de revólver.
Note-se, todavia, a presença no elenco deste pequeno western, de Brian Donlevy e de Jim Davis. E diga-se que o primeiro chegou a ser um actor bem cotado em Hollywood, antes de ser vítima do seu gosto exagerado pelo álcool, que rapidamente deitou por terra a esperança de o ver construir uma carreira compatível com o seu real talento. Donlevy viria a falecer em 1972, em consequência de um cancro na garganta.
Quanto a Jim Davis, refira-se que a sua participação na famosa série de televisão «Dallas», onde ele encarnou a personagem de Jock Ewing, lhe ofereceu o estatuto de star mundial (além de muito dinheiro), depois de ter feito uma carreia modestíssima no grande écran.
(M. M. S.)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

«O VINGADOR»

t.p.: «O Vingador»
t.o.: «Shotgun»
t.f.: «Amour, Fleur Sauvage»
t.e.: «La Pradera Sangrienta»
t.br.: «Escreveu Seu Nome a Bala»

Ficha técnica

Realização : Lesley Selander
Ano de estreia : 1955
Guião : John C. Champion, Rory Calhoun e Clarke Reynolds
Fotografia (cor) : Ellsworth Fredericks
Música : Carl Brandt
Montagem : John C. Fuller
Produção : John C. Champion
Distribuição : Allied Artists
Duração no cinema : 81 minutos

Ficha artística

Sterling Hayden (Clay Hardin), Yvonne de Carlo (Abby), Zachary Scott (Reb Carleton), Robert J. Wilke (Bentley), Guy Prescott (Ben Thompson), Ralph Sanford (Chris), John Pickard (Perez), Ward Wood (Ed), Rory Mallinson (Frank), Paul Marion (Delgadito), Harry Harvey Jr. (Davey), Angela Greene (Aletha), etc...

Sinopse

Antigo pistoleiro profissional, Clay Hardin exerce agora (graças à influência do pai de Aletha, sua noiva) as funções de auxiliar de polícia.
No decorrer de uma patrulha de rotina, o seu superior hierárquico e amigo -o xerife Mark Fletcher- é premeditada e selvaticamente abatido a tiros de caçadeira pelo bandoleiro Ben Thompson. Ignorando as súplicas de Aletha, Clay lança-se na pista do facínora, disposto a fazer--lhe pagar o seu hediondo crime.
Já longe da cidade, Clay abate um dos cúmplices do assassino, depois de o ter obrigado a revelar o paradeiro do homem que ele procura. E, na mesma altura, Clay trava conhecimento com a jovem e bela Abby, uma mulher que deseja esquecer o seu sofrido passado de moça de cabaré e fixar-se na Califórnia.
Tensas de início, as relações entre o agente da autoridade e Abby vão evoluindo e transformar-se, pouco a pouco, num fortr e terno sentimento. Mas, apesar dos pedidos da sua nova companheira, Clay Hardin mantém firme a sua intenção de castigar a abominável criatura que executou cobardemente o seu amigo Fletcher. Tanto mais que, surgiu no terreno Reb Carleton -um caçador de prémios- que vai tentar tirar proveito da eventual captura do quadrilheiro.
Ben Thompson, o perseguido, que também vende ilegalmente armas aos Apaches (que, entretanto, capturam Abby), encontrou refúgio numa região dominada por Delgadito, um temível chefe de clã. É, no entanto, ali que o vai procurar Clay, perante o olhar admirativo do caudilho pele-vermelha.
Depois de uma renhida luta entre os dois antagonista brancos, que pende a favor do auxiliar de polícia, é o próprio Delgadito quem crava uma lança no corpo do seu aliado, que, durante o combate com Clay, revelara a sua natureza preversa e cobarde. E é também o chefe índio que vai premiar o vencedor, libertando voluntariamente a jovem cativa. Clay Hardin e Abby podem, desde logo, começar a fazer projectos para o futuro.
Comentário
Este filme de série B foi realizado por um dos mais prolíficos e sabidos fazedores de westerns da História do Cinema : Lesley Selander. «O Vingador» apresenta um trio de excelentes actores -Sterling Hayden, Yvonne de Carlo, Zachary Scott- todos eles muito familiarizados com um género cinematográfico que conhecia o seu apogeu na época de realização desta fita.
Se os dois primeiros actores dispensam apresentações, talvez seja interessante deixar aqui alguns dados sobre Zachary Scott, que não chegou a alcançar a fama que bafejou os seus supracitados companheiros. Scott era um autêntico homem do Oeste, visto ter nascido em Austin, capital do Texas, em 1914. A sua carreira artística começou no teatro e a chamada arte de Talma levou-o a pisar palcos prestigiosos de várias grandes cidades, nomeadamente de Nova Iorque e de Londres. Scott estreou-se no cinema em 1944, quando participou (ao lado de Peter Lorre) na película «The Mask of Dimitrios», dirigida por Jean Negulesco. Zachary Scott faleceu em 1965, relativamente novo.
Produzido por John C. Champion (que foi também co-guionista da fita, assim como o conhecido actor Rory Calhoun), «O Vingador» foi distribuído pela Allied Artists, uma pequena companhia de Hollywood. Esta modesta marca -que nos ofereceu, no entanto, alguns filmes de qualidade- desapareceu em finais dos anos 70 (do passado século XX, obviamente), ao ser absorvida pela M. P. A. A. - Motion Pictures Association of America.
Curiosamente, esta obra de Lesley Selander tornou-se num dos filmes-culto de gerações de westernófilos. Talvez pelo facto de poucos deles o terem visto... Que saibamos, a cópia videográfica de «O Vingador» nunca foi comercializada na Europa e a sua programação pela televisão é coisa rara. Esperemos que os detentores dos direitos autorais deste filme nos proponham, para breve, a edição de um mais que justificado DVD.
(M. M. S.)

«MOHAWK»

t.p.: «Mohawk»
t.o.: «Mohawk»
t.f.: «L'Attaque du Fort Douglas»
t.e.: «Hacha de Guerra»
t.br.: «Mohawk-A Lenda do Iroquês»

Ficha técnica

Realização : Kurt Neuman
Ano de estreia : 1956
Guião : Maurice Geraghty e Milton Krims
Fotografia (cor) : Karl Struss
Música : Edward L. Alperson Jr.
Montagem : anónimo da Lexington Trading Co. Inc.
Produção : Edward L. Alperson Jr.
Distribuição : 20th. Century-Fox
Duração no cinema : 90 minutos

Ficha artística

Scott Brady (Jonathan Adams), Rita Gam (Onida), Neville Brand (Rokhawah), Lori Nelson (Cynthia Stanhope), Allyson Hayes (Greta), John Hoyt (Butler), Vera Vague (Agatha), Rhys Williams (Clem Jones), Ted de Corsia (Kowanen), Mae Clarke (Minikah), John Hudson (capitão Langley), Tommy Cook (Keoga), James Lilburn (o sargento), etc...

Sinopse

Cynthia Stanhope e sua tia Agatha (duas burguesas de Boston) chegam a Forte Douglas, um posto militar do vale do Mohawk, com a firme intenção de convencerem Jonathan Adams -um prometedor artista plástico- a apressar a data do casamento que este deverá contrair com a primeira. Mas o pintor ausentara-se da fortaleza com Greta, um dos seus modelos ocasionais, e o reencontro com a sua prometida reveste-se de alguma frieza.
Ao mesmo tempo, o ambicioso Butler tenta semear a desordem entre as tribos Iroquesas e os brancos do vale, intrigando junto de uns e de outros. Tais intrigas têm o condão de excitar os jovens guerreiros e de levá-los a tentar apoderar-se de um carregamento de armas e munições destinadas aos militares do forte. Durante a breve escaramuça que opõe índios e brancos, Adams logra capturar a jovem Onida, que é a própria filha de Kowanen, caudilho dos Iroqueses. Rendido aos encantos da bonita pele-vermelha, o pintor subtrai-a às buscas dos soldados e leva--a sã e salva à sua aldeia. Lugar onde ele decide permanecer uns tempos, para poder retratar os notáveis da tribo e ilustrar algumas cenas da vida quotidiana dos Iroqueses.
Mas Butler consegue levar por diante os seus criminosos intentos e, depois do assassínio de Keoga, irmão de Onida, os Iroqueses desenterram o machado de guerra e lançam-se numa luta sem quartel contra os colonos do vale do Mohawk. Capturado pelos índios, Jonathan consegue escapar à sua ferocidade graças à ajuda da bela Onida; e lança-se numa corrida contra o tempo para poder salvar a paz e a dignidade das duas comunidades em conflito. Tendo, finalmente, desmascarado a traição de Butler -que acaba por morrer às mãos dos Iroqueses que ele havia sublevado- o pintor Adams consegue também convencer Kowanen de que a conquista da concórdia é algo mais importante do que os louros colhidos nas batalhas.
Imperando, de novo, a tranquilidade no vale do Mohawk, Jonathan Adams e Onida podem confessar o seu amor às algo despeitadas Cynthia e Greta e contribuir, com a sua união, para que a paz entre brancos e índios reine e perdure.
Comentário
Os títulos original e português deste filme têm a ver com o espaço geográfico onde decorre -em finais do século XVIII ou início da centúria seguinte- a sua acção : o histórico e fértil vale do rio Mohawk. Ali mesmo onde John Ford situou a trama da sua primeira película colorida, a inesquecível obra intitulada «Ouvem-se Tambores ao Longe». Fita à qual Kurt Neuman e a produção roubaram descaradamente sequências inteiras para as incluirem em «Mohawk». Como, por exemplo, a famosa perseguição movida pelos pele-vermelhas ao herói branco, como o incêndio das fazendas dos colonos ou como o espectacular ataque ao forte.
Este filme (de orçamento modesto) vê-se, ainda hoje, com algum prazer, até porque o seu entrecho revela uma certa originalidade, ao oferecer protagonismo a um artista, a um pintor, em vez de recorrer à figura tradicional do herói, que, logicamente, deveria ser um garboso militar, um intrépido batedor ou um laborioso pioneiro. Presumimos que o guionista (ou o autor que inspirou o argumento desta fita) tivesse querido, nestas circunstâncias, render homenagem aos primeiros ilustradores do Oeste selvagem, tais como Catlin, Audubon e outros mais.
Scott Brady (actor falecido em 1985) interpreta aqui -com uma certa classe, note-se- o papel de Jonathan Adams, um pinga-amor e um artista plástico perdido nas plagas do wilderness, facto que contrasta com todas as outras figuras que ele protagonizou nos demais westerns em que teve o ensejo de participar; e que foram muitos, tanto no cinema como na televisão.
Habituados que estamos aos incríveis e inadmissíveis erros e anacronismos próprios deste género de filmes (a que alguns especialistas chamam pré-westerns), saudamos aqui a inteligência da produção de «Mohawk», que pôs os Iroqueses a viver nas habitações tradicionais dos ameríndios da região dos Grandes Lagos e não nos tipis característicos das nações nómadas da Grande Pradaria. Como aconteceu, por exemplo, em «Forte Niagara» (de Felix Feist, 1952), uma fita (com Lex Barker) que nos conta uma história situada sensivelmente na mesma época e na mesma região.
Não existe DVD com cópia desta película em Portugal. Em contrapartida, o filme já foi editado nesse suporte videográfico no Brasil («Mohawk-A Lenda do Iroquês») e oferece uma tripla vantagem para os coleccionadores : 1ª - está dobrado em língua portuguesa e também oferece legendas no nosso idioma; 2ª - foi editado em zona 0 (zero), o que quer dizer que o respectivo DVD pode ser lido em qualquer parte do mundo; 3ª - é actualmente vendido em vários sites da Internet a preços extremamente baixos, que, geralmente (fins de 2007), não ultrapassam os 10 Reais.
(M. M. S.)

domingo, 18 de novembro de 2007

«ANOS DE VIOLÊNCIA»

t.p.: «Anos de Violência»
t.o.: «The Rawhide Years»
t.f.: «Les Années Sauvages»
t.e.: «Aquellos Duros Años»
t.br.: «O Vício Singra o Mississippi»

Ficha técnica

Realização : Rudolph Mate
Ano de estreia : 1956
Guião : Earl Felton
Fotografia (cor) : Irving Glassberg
Música : H. J. Slater e Frank Skinner
Montagem : Russell Schoendgarth
Produção Stanley Rubin
Distribuição : Universal International
Duração no cinema : 85 minutos

Ficha artística

Tony Curtis (Ben Matthews), Colleen Miller (Zoe Fontaine), Arthur Kennedy (Rick Harper), William Demarest (Brand Comfort), William Gargan (Sommers), Peter Van Eyck (André Boucher), Minor Watson (Matt Comfort), Don Randolph (Carrico), Robert J. Wilke (Neal), Trevor Bardette (o capitão do «Montana Queen»), etc...
Sinopse
O jovem Ben Matthews ganha a vida jogando póquer a bordo de um casino flutuante.
Acusado, injustamente, do assassínio de Matt Comfort, um rico e estimado criador de cavalos, Ben foge para escapar à fúria dos habitantes de Galena, que acabam por vingar a morte do seu concidadão na pessoa de Carrico (seu parceiro de batota), enforcando-o num dos mastros de carga do navio fluvial «Montana Queen».
Os anos passam. Depois de ter exercido a rude profissão de vaqueiro num rancho afastado, Ben regressa a Galena para reatar relações com Zoe Fontaine, uma cantora de cabaré que ele ama, e para tentar desvendar a identidade dos verdaeiros responsáveis pelo crime que o condenou ao exílio.
Para grande surpresa sua, é em casa do próprio irmão da vítima que Ben descobre provas irrefutáveis contra os autores do homicídio do rancheiro Matt Comfort; que, afinal, são os mesmos indivíduos que, com uma certa frequência, assaltam os barcos do Mississippi para se apoderarem dos valores que estes vapores transportam.
Entre os chefes dessa quadrilha de malfeitores, encontra-se -além do desleal Brand Comfort- um influente e abastado comerciante da cidade de Galena : André Boucher, patrão e amante da bela Zoe...
Comentário
Esta película de Rudolph Mate não é a melhor da sua filmografia western, que compreende alguns excelentes títulos, tais como «Homens Violentos» (animado pelo trio de luxo Glenn Ford--Barbara Stanwyck-Edward G. Robinson) ou como «Perdoa o Meu Passado» (onde campeia a atlética silhueta de Charlton Heston). É, no entanto, um filmezinho que ainda hoje se vê com prazer, mercê do seu invulgar entrecho policial, e com uma certa nostalgia, por tratar-se de um produto típico do cinema de série B (made in Hollywood) dos áureos anos 50.
A nível da interpretação, realce-se, sobretudo, o trabalho de Arthur Kennedy -brilhante no papel de Rick Harper, o ambíguo companheiro do herói da fita- e de Peter Van Eyck, que, em «Anos de Violência», da saíu muito bem da sua tarefa de credibilizar a figura do elegante e brutal André Boucher.
Seríamos injustos se não referíssemos o nome de Collen Miller, que, neste filme, interpreta três bonitas canções («Give me Your Love», «Happy go Lucky» e «The Gipsy whit the Fire in his Shoes») e não louvássemos o técnico de câmara Irving Glassberg, pela excelência das imagens (em luxuoso TechniColor) que ele nos ofereceu.
Diga-se ainda, a título de curiosidade, que o argumentista Earl Felton foi coadjuvado por Robert Presnell Jr. e por D. D. Beauchamp na adaptação cinematográfica de «Anos de Violência», que se inspirou numa novela de Norman A. Fox.
(M. M. S.)

«LIBERDADE OU MORTE»

t.p: «Liberdade ou Morte»
t.o.: «The First Texan»
t.f.: «Attaque à l'Aube»
t.e.: «Libertad o Muerte»
t.br.: «O Homem Destino»

Ficha técnica

Realização : Byron Haskin
Ano de estreia : 1956
Guião : Daniel B. Ullman
Fotografia (cor) : Wilfrid Cline
Música : Roy Webb
Montagem : George White
Produção : Walter Mirisch
Distribuição : Allied Artists
Duração no cinema : 82 minutos

Ficha artística

Joel McCrea (Sam Houston), Felicia Farr (Katherine), Jeff Morrow (Jim Bowie), Wallace Ford (Delaney), Abraham Sofaer (don Carlos), Jody McCrea (Baker), Chubby Johnson (Deaf Smith), Dayton Lummis (Austin), Rodolfo Hoyas (Cos), William Hopper (Travis), Roy Roberts (Sherman), David Silva (general Santa Ana), Frank Puglia (Pepe), James Griffith (Davy Crockett), Carl Benton Reid (presidente Jackson), etc...

Sinopse

Ano de 1832. Sam Houston, que havia renunciado à política para se poder consagrar a tempo inteiro ao exercício da advogacia, transpõe o rio Vermelho -uma das fronteiras naturais do Texas- e dirige-se para a cidade de San Antonio de Bejar.

É ali que, casualmente, ele vai travar conhecimento com um grupo de conspiradores locais, que projectam separar o Texas do resto da nação mexicana e fazer desse imenso e rico território um estado independente.
Apesar de ter valorosamente defendido -em tribunal- alguns dos referidos conspiradores, Houston recusa aderir à sua patriótica causa. Por estar convencido da prematuridade das suas reivindicações, mas também por ter feito a solene promessa a Katherine Delaney (sua noiva e colaboradora) de que não se comprometeria politicamente com os conjurados.
Inesperadamente, Davy Crockett -mensageiro secreto do presidente dos Estados Unidos- chega a San Antonio e entrega ao advogado uma convocatória, que o intima a apresentar-se urgentemente em Washington, diante do presidente Jackson.
Ali, no palácio presidencial, Andrew Jackson convence Sam Houston da absoluta necessidade de apoiar a causa dos rebeldes e de agir de modo a que o Texas solicite -depois de ganhar a independência- a sua adesão à União.
Abandonado por uma decepcionada Katherine, Sam investe-se a fundo no movimento de libertação do Texas. Nomeado general dos insurrectos, Houston reúne uma coluna de voluntários armados para oferecer luta a António Lopez de Santa Ana, general-presidente do México, que investira o território do Texas à testa de numeroso exército.
Depois do desastre de Álamo, missão fortificada onde morreram alguns dos seus melhores amigos, Sam Houston atrai as tropas mexicanas às margens do rio San Jacinto, onde lhes inflige uma histórica e decisiva derrota. O ditador Santa Ana é capturado e obrigado a assinar a cedência do Texas aos seus habitantes.
Entretanto, Katherine Delaney reconsidera a sua posição em relação à atitude tomada pelo seu amado e acaba por cair nos braços do vitorioso general Sam Houston, o libertador do Texas.
Comentário
«Liberdade ou Morte» é, como já se viu no resumo acima apresentado, um filme de aventuras, cuja acção gira, essencialmente, em volta da personagem de Sam Houston, um dos pais da independência do Texas.
Como não podia deixar de acontecer, é também questão, nesta fita, do celebérrimo assalto ao forte Álamo, em cuja defesa morreram em combate, frente às tropas regulares mexicanas, algumas das figuras mais carismáticas da história da insurreição texana e da saga westerniana. Tais como os coronéis William Travis, Jim Bowie e Davy Crockett, figuras todas elas aqui evocadas para a posteridade de uma maneira que nem sempre concorda com a verdade dos factos.
Esta fita de Byron Haskin não nos oferece, pois, nada de novo. É um filmezinho sem grandes pretensões, que se limita a ilustrar o ponto de vista hollywoodesco sobre uma guerra provocada pelos ianques e que obrigou, no seu término, os mexicanos a subscreverem o famigerado tratado de Guadalupe-Hidalgo (assinado em 2 de Fevereiro de 1848) e a cederem aos seus poderosos vizinhos do norte mais de metade do seu território nacional.
Note-se, no cartaz deste filme, os conhecidos nomes de Joel McCrea e de Felicia Farr, dois ídolos das plateias populares da época em que se estreou «Liberdade ou Morte». Para a actriz, este papel de Katherine (sem grande relevo, diga-se de passagem) constituiu a sua primeira experiência num filme com história ambientada no Oeste. Confessamos ter gostado muito mais das actuações que esta graciosa creatura teve nas três fitas que ela rodaria, sucessivamente, sob a direcção do grande Delmer Daves : «Jubal» (1956), «A Última Caravana» (1956) e «O Comboio das 3 e 10» (1957).
Quanto a Joel McCrea (1905-1990), o herói de serviço, diga-se que o seu nome é, simplesmente, uma das incontornáveis referências do cinema western. Com uma trintena de películas do género na sua filmografia, este popular actor pode equiparar-se, nesse campo, a colegas como Randolph Scott (ao lado de quem ele rodou, em 1962, o inesquecível filme de Peckinpah, intitulado «Os Pistoleiros da Noite»), como John Wayne ou como Audie Murphy.
Não temos conhecimento da existência (na zona 2) de edições DVD com cópia desta fita.
(M. M. S.)

sábado, 17 de novembro de 2007

«A BALADA DE GREGÓRIO CORTEZ»

t.p.: «A Balada de Gregório Cortez»
t.o.: «The Ballad of Gregorio Cortez»
t.f.: «La Ballade de Gregorio Cortez»
t.e.: «Persecusión en Texas»
t.br.: ***

Ficha Técnica

Realização : Robert M. Young
Ano de estreia : 1983
Guião : Robert M. Young e Victor Villaseñor
Fotografia (cor) : Ray Villalobos
Música : W. Michael Lewis e Edward J. Olmos
Montagem : Arthur Coburn e John Bertucci
Produção : Moctezuma Esparza e Michael Hausman
Distribuição : P. B. S.
Duração : 100 minutos

Ficha artística

Edward James Olmos (Gregório Cortez), James Gammon (Frank Fly), Tom Bower (Boone Choal), Bruce McGill (repórter Blackerly), Brion James (capitão Rogers), Alan Vint (Mike Timmell), Timothy Scott (xerife Morris), Pepe Serna (Romualdo Cortez), Michael McGuire (xerife Glower), Barry Corbin (Abermathy), Jack Kehoe (procurador Pierson), Rosana de Soto (Carlota Muñoz), Victoria Plata (Carmen Cortez), etc...
Sinopse
Na sequência de um mal-entendido, ocorrido aquando de um interrogatório policial, o cidadão mexicano Gregório Cortez abate -em estado de legítima defesa- o xerife Morris, do condado de Gonzalez, Texas.
Está-se no dealbar do século XX (precisamente no ano de 1901), mas as populações texanas ainda não esqueceram o histórico e traumático drama de Forte Álamo. É, pois, animada do mais puro espírito revanchista que uma tropa de 600 rangers se lança numa desenfreada e impiedosa perseguição a Gregório Cortez, através da mais inóspita e perigosa região do sudoeste dos Estados Unidos.
Onze dias depois, apesar do número e da fanática persistência dos seus inimigos, Gregório Cortez atravessa o rio Grande e vai colocar-se a salvo em território mexicano. Logrando escapar, assim, à gigantesca caça ao homem que os texanos encarniçadamente lhe moveram.
Informado, entretanto, que a despeitada justiça ianque retém prisioneira toda a sua família, o fugitivo toma a corajosa decisão de regressar a Gonzalez, se bem que esteja perfeitamente cônscio de que, no Texas, terá de afrontar as iniquidades de um tribunal muito permeável às reacções e às pressões da população local, notoriamente conhecida pelo seu xenofobismo e pelo seu carácter vindicativo.
Comentário
Inspirado num acontecimento autêntico (relatado por Américo Paredes no seu livro «With his pistol in his hand» e cantado num célebre e popular corrido), «A Balada de Gregório Cortez» é uma produção americano-mexicana com realização de Robert M. Young, cineasta que, com esta fita, receberia vários prémios em festivais internacionais, nomeadamente nos de San Sebastián (Concha de Oro) e de Cannes (Caméra d'Or).
Além do mérito que tem, portanto, de se apoiar numa história verídica, que, no seu tempo, exacerbou paixões e mobilizou as opiniões públicas do Texas e do norte do México, «A Balada de Gregório Cortez» oferece-nos também interessante matéria de reflexão sobre a fragilidade do indivíduo face à desumanização da engrenagem policial-judicial.
Elaborada na linha daquele magnífico western de Abraham Polonsky intitulado «O Vale do Fugitivo», esta película de Young (igualmente despojada de romantismo) constitui, ainda, um requisitório contra certa imprensa que -em inícios do século XX, como nos nossos dias- vive do escândalo, não hesitando mistificar os seus leitores para, assim, os manipular mais facilmente e, ao mesmo tempo, tirar proventos da venda de jornais.
«A Balada de Gregório Cortez» apresenta-se, deste modo, como um filme diferente e como uma obra cativante no morno panorama do cinema western da década de 80. Pena foi que este honesto e belo trabalho de Robert M. Young não tenha encontrado um distribuidor no nosso país e que os westernófilos portugueses (e todos os outros amadores de bom cinema) só o tenham podido descobrir através do formato reduzido, e redutor, do vídeo.
Cumprimentos, no entanto, à Edivídio, firma que, aqui há uns bons anos atrás, teve a óptima ideia de divulgar em Portugal esta obra invulgar, ao colocar no nosso mercado de aluguer a cassete desta película. Só nos resta perguntar : para quando a venda directa de uma cópia de «A Balada de Gregório Cortez» em formato DVD?
(M. M. S.)