terça-feira, 27 de novembro de 2007

«SÉTIMO DE CAVALARIA»

t.p.: «Sétimo de Cavalaria»
t.o.: «7 th. Cavalry»
t.f.: ***
t.e.: «El Séptimo de Caballería»
t.br.: «A Sétima Cavalaria»/«O Fantasma do General Custer»

Ficha técnica

Realização : Joseph H. Lewis
Ano de estreia : 1956
Guião : Peter Packer
Fotografia (cor) : Ray Rennahan
Música : Mischa Bakaleinikoff
Montagem : Gene Havlick
Produção : Harry Joe Brown
Distribuição : Columbia Pictures
Duração no cinema : 75 minutos

Ficha artística

Randolph Scott (capitão Tom Benson), Barbara Hale (Martha Kellog), Jay C. Flippen (sargento Bates), Frank Faylen (sargento Kruger), Jeannette Nolan (Charlotte Reynolds), Leo Gordon (Vogel), Denver Pyle (Dixon), Harry Carey Jr. (cabo Morrison), Michael Pate (capitão Benteen), Donald Curtis (tenente Bob Fitch), Frank Wilcox (major Reno), Pat Young (Young Hawk), etc...

Sinopse
O capitão Thomas Benson, do Sétimo Regimento de Cavalaria dos Estados Unidos, regressa a Fort Lincoln -sede dessa prestigiosa unidade- após uma licença que lhe fora regulamentarmente concedida pelo seu comandante. Com ele viaja Martha Kellog, filha de um oficial superior do exército e sua futura esposa.
Benson encontra o forte num lamentável estado de abandono, com os homens da sua guarnição, incluindo os graduados, a curtirem bebedeiras por todos os cantos. Surge, então, a mulher de um oficial que informa o recém-chegado capitão do desastre de Little Big Horn e ousa acusá-lo de cobardia, pelo facto de ele não se encontrar ao serviço aquando da malograda expedição de Custer contra os pele-vermelhas e, assim, ter escapado com vida ao massacre da fina flor do seu próprio regimento.
A situação que se apresenta ao capitão Benson -totalmente desconhecida do oficial- vai agravar--se quando o coronel Kellog (pai de Martha) chega a Fort Lincoln e revela à filha o passado de batoteiro profissional do seu noivo e se manifesta, uma vez mais, contra o projectado casamento dos dois jovens.
Ferido no seu orgulho e disposto a limpar a sua honra, Tom Benson oferece-se para levar a cabo uma perigosa e melindrosa missão : comandar uma coluna militar, que deverá visitar o vale de Little Big Horn, onde ocorreu a malfadada batalha. E, ali, dar uma sepultura cristã à tropa e, se possível, de lá repatriar os corpos dos oficiais mortos em combate. O problema que se põe ao ressentido capitão, é que os Sioux e os Cheyennes -seus aliados- que haviam derrotado George Armstrong Custer e os seus homens, já haviam, entretanto, consagrado o lugar da terrível batalha como interdito e inviolável...
Comentário
«Sétimo de Cavalaria» é um western militar no qual a acção é, curiosamente, secundarizada a favor do estudo psicológico dos seus intervenientes. Nomeadamente do capitão Benson e do seu comandante, o famoso general Custer (invisível no filme), cuja competência e sentido das responsabilidades são aqui claramente postos em causa.
Embora o público deste género de fitas tivesse. aquando da sua estreia, e até depois disso, achado esta obra de Lewis excessivamente verbosa e algo chata, nós temos uma opinião diferente. Achamos que se trata de uma das boas películas do seu realizador e um bom filme sobre a condição militar nas unidades que, em finais de oitocentos, o governo de Washington afectou à luta contra os guerreiros índios da Grande Pradaria.
Do lado da interpretação, refira-se que Randolph Scott fez aqui um excelente trabalho, que não destoa na sua vasta filmografia, quase totalmente consagrada ao cinema western. Bem esteve, igualmente, a bela Barbara Hale, actriz que ganharia fama na televisão a partir de 1957, ano em que ela começou a encarnar a figura de Della Street, a graciosa secretária do advogado Perry Mason. Lembramos que esta popularíssima série foi produzida pela companhia CBS e que, na sua primitiva forma, foi exibida -nos Estados Unidos- durante 150 semanas consecutivas, em episódios de 50 minutos. Daí a celebridade grangeada por miss Hale.
O filme aqui em apreço contou também com o saber profissional de alguns dos melhores actores secundários da Hollywood do tempo. Como, por exemplo, Jay C. Flippen, Leo Gordom, Denver Pyle ou Michael Pate.
(M. M. S.)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

«WOMAN THEY ALMOST LYNCHED»

t.p.: ***
t.o.: «Woman They Almost Lynched»
t.f.: «La Femme Qui Faillit Être Lynchée»
t.e.: ***
t.br.: «A Renegada»

Ficha técnica

Realização : Allan Dwan
Ano de estreia : 1953
Guião : Steve Fisher
Fotografia (p & b) : Reggie Lanning
Música : Stanley Wilson
Montagem : Fred Allen
Produção : Herbert J. Yates
Distribuição : Republic Pictures
Duração no cinema : 90 minutos

Ficha artística

John Lund (Lance Horton), Brian Donlevy (William Quantrill), Audrey Totter (Kate Quantrill), Joan Leslie (Sally Maris), Ben Cooper (Jesse James), Nina Varela (Delilah Courtney), James Brown (Frank James), Ellen Corby (uma mulher), Fern Hall (uma mulher), Minerva Urecal (senhora Stewart), Jim Davis (Cole Younger), Ann Savage (Glenda), Nacho Galindo (John Pablo), Virginia Christine (Jenny), etc...
Sinopse
Está-se na primavera de 1865, último ano da guerra civil. Sally Maris chega de diligência a Border City, localidade de uma zona neutra, enclavada entre os estados do Arcansas (nortista) e o do Missouri (sulista).
Sally viera juntar-se ao irmão, um indivíduo de moralidade pouco recomendável, que gere o saloon «Lead Dollar», o maior e mais movimentado estabelecimento comercial da terra. Mas, no decorrer de uma rixa que envolvera alguns membros do bando de Quantrill, o irmão de Sally é abatido a tiro por Lance Horton, que agira em estado de legítima defesa.
Embora Sally não o queira ouvir e lhe tenha manifestado a sua antipatia, Horton oferece-lhe a sua protecção; até porque Kate Quantrill (actual mulher do guerrilheiro, mas que fora, outrora, a companheira do defunto irmão de Sally) lhe dirigira várias e indissimuladas ameaças.
Sally retoma a gerência do negócio do irmão e acaba por pagar as pesadas dívidas de jogo que este contraíra. E acaba, também, por sucumbir ao charme de Horton, que é, na realidade, um oficial do Sul em missão de espionagem em Border City.
Um diferendo com Quantrill, a quem Horton recusa vender chumbo para o fabrico de munições, acaba por estalar e por desmascarar o agente secreto da Confederação. Para o salvar, Sally forja documentos falsos, que acabam por conduzi-la à forca. Mas a execução aborta, graças à providencial intervenção de Kate Quantrill, que apesar do rancor que nutre por Sally (que a batera em duas circunstâncias) lhe reconhece uma grande coragem física e uma infinda generosidade.
O tempo passa e Lance Horton, que, naturalmente, se ausentara da cidade, aparece ali fardado de capitão do exército confederado para anunciar o fim da gurra. Notícia que é jubilosamente festejada, tanto pelos partidários dos rebeldes sulistas, como pelos simpatizantes ianques.
Nesse contexto, Sally e Lance podem, desde logo, dar largas ao amor que sentem um pelo outro. Sentimento que a separação forçada e os perigos da guerra haviam sublimado.
Comentário
Esta modesta fita de Dwan foi inspirada numa novela de Michael Fessier publicada, pela primeira vez, nas páginas do «Saturday Evening Post» História banal que, uma vez mais, oferecia protagonismo a algumas das mais conhecidas figuras do banditismo norte-americano do século XIX : irmãos James e Younger, por exemplo. O vedetismo desta película era, no entanto, proporcionado aqui a duas mulheres, sendo uma delas a arrependida esposa (inventada para a circuntância) do célebre guerrilheiro Quantrill, o ignóbil chacinador da cidade de Lawrence.
Esta fita, sem grandes atractivos cinematográficos, é, apenas, mais um banalíssimo trabalho do incansável Allan Dwan, cineasta que embora nos tenha oferecido algumas obras meritórias, realizou, sobretudo, séries B como «Woman They Almost Lynched» em quantidades verdadeiramente industriais. A ausência de título nacional revela que este filme nunca chegou a ser estreado nas salas portuguesas.
O casting do filme revela a ausência de vedetas. Facto que, por essa época, permitia poupar muito dinheiro à companhia produtora. Companhia que visava um público popular, notoriamente conhecido pela modéstia das suas exigências. E ao qual bastava, na verdade e para ficar plenamente satisfeito, meia dúzia de cenas de pancadaria ou de atroadoras trocas de tiros de revólver.
Note-se, todavia, a presença no elenco deste pequeno western, de Brian Donlevy e de Jim Davis. E diga-se que o primeiro chegou a ser um actor bem cotado em Hollywood, antes de ser vítima do seu gosto exagerado pelo álcool, que rapidamente deitou por terra a esperança de o ver construir uma carreira compatível com o seu real talento. Donlevy viria a falecer em 1972, em consequência de um cancro na garganta.
Quanto a Jim Davis, refira-se que a sua participação na famosa série de televisão «Dallas», onde ele encarnou a personagem de Jock Ewing, lhe ofereceu o estatuto de star mundial (além de muito dinheiro), depois de ter feito uma carreia modestíssima no grande écran.
(M. M. S.)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

«O VINGADOR»

t.p.: «O Vingador»
t.o.: «Shotgun»
t.f.: «Amour, Fleur Sauvage»
t.e.: «La Pradera Sangrienta»
t.br.: «Escreveu Seu Nome a Bala»

Ficha técnica

Realização : Lesley Selander
Ano de estreia : 1955
Guião : John C. Champion, Rory Calhoun e Clarke Reynolds
Fotografia (cor) : Ellsworth Fredericks
Música : Carl Brandt
Montagem : John C. Fuller
Produção : John C. Champion
Distribuição : Allied Artists
Duração no cinema : 81 minutos

Ficha artística

Sterling Hayden (Clay Hardin), Yvonne de Carlo (Abby), Zachary Scott (Reb Carleton), Robert J. Wilke (Bentley), Guy Prescott (Ben Thompson), Ralph Sanford (Chris), John Pickard (Perez), Ward Wood (Ed), Rory Mallinson (Frank), Paul Marion (Delgadito), Harry Harvey Jr. (Davey), Angela Greene (Aletha), etc...

Sinopse

Antigo pistoleiro profissional, Clay Hardin exerce agora (graças à influência do pai de Aletha, sua noiva) as funções de auxiliar de polícia.
No decorrer de uma patrulha de rotina, o seu superior hierárquico e amigo -o xerife Mark Fletcher- é premeditada e selvaticamente abatido a tiros de caçadeira pelo bandoleiro Ben Thompson. Ignorando as súplicas de Aletha, Clay lança-se na pista do facínora, disposto a fazer--lhe pagar o seu hediondo crime.
Já longe da cidade, Clay abate um dos cúmplices do assassino, depois de o ter obrigado a revelar o paradeiro do homem que ele procura. E, na mesma altura, Clay trava conhecimento com a jovem e bela Abby, uma mulher que deseja esquecer o seu sofrido passado de moça de cabaré e fixar-se na Califórnia.
Tensas de início, as relações entre o agente da autoridade e Abby vão evoluindo e transformar-se, pouco a pouco, num fortr e terno sentimento. Mas, apesar dos pedidos da sua nova companheira, Clay Hardin mantém firme a sua intenção de castigar a abominável criatura que executou cobardemente o seu amigo Fletcher. Tanto mais que, surgiu no terreno Reb Carleton -um caçador de prémios- que vai tentar tirar proveito da eventual captura do quadrilheiro.
Ben Thompson, o perseguido, que também vende ilegalmente armas aos Apaches (que, entretanto, capturam Abby), encontrou refúgio numa região dominada por Delgadito, um temível chefe de clã. É, no entanto, ali que o vai procurar Clay, perante o olhar admirativo do caudilho pele-vermelha.
Depois de uma renhida luta entre os dois antagonista brancos, que pende a favor do auxiliar de polícia, é o próprio Delgadito quem crava uma lança no corpo do seu aliado, que, durante o combate com Clay, revelara a sua natureza preversa e cobarde. E é também o chefe índio que vai premiar o vencedor, libertando voluntariamente a jovem cativa. Clay Hardin e Abby podem, desde logo, começar a fazer projectos para o futuro.
Comentário
Este filme de série B foi realizado por um dos mais prolíficos e sabidos fazedores de westerns da História do Cinema : Lesley Selander. «O Vingador» apresenta um trio de excelentes actores -Sterling Hayden, Yvonne de Carlo, Zachary Scott- todos eles muito familiarizados com um género cinematográfico que conhecia o seu apogeu na época de realização desta fita.
Se os dois primeiros actores dispensam apresentações, talvez seja interessante deixar aqui alguns dados sobre Zachary Scott, que não chegou a alcançar a fama que bafejou os seus supracitados companheiros. Scott era um autêntico homem do Oeste, visto ter nascido em Austin, capital do Texas, em 1914. A sua carreira artística começou no teatro e a chamada arte de Talma levou-o a pisar palcos prestigiosos de várias grandes cidades, nomeadamente de Nova Iorque e de Londres. Scott estreou-se no cinema em 1944, quando participou (ao lado de Peter Lorre) na película «The Mask of Dimitrios», dirigida por Jean Negulesco. Zachary Scott faleceu em 1965, relativamente novo.
Produzido por John C. Champion (que foi também co-guionista da fita, assim como o conhecido actor Rory Calhoun), «O Vingador» foi distribuído pela Allied Artists, uma pequena companhia de Hollywood. Esta modesta marca -que nos ofereceu, no entanto, alguns filmes de qualidade- desapareceu em finais dos anos 70 (do passado século XX, obviamente), ao ser absorvida pela M. P. A. A. - Motion Pictures Association of America.
Curiosamente, esta obra de Lesley Selander tornou-se num dos filmes-culto de gerações de westernófilos. Talvez pelo facto de poucos deles o terem visto... Que saibamos, a cópia videográfica de «O Vingador» nunca foi comercializada na Europa e a sua programação pela televisão é coisa rara. Esperemos que os detentores dos direitos autorais deste filme nos proponham, para breve, a edição de um mais que justificado DVD.
(M. M. S.)

«MOHAWK»

t.p.: «Mohawk»
t.o.: «Mohawk»
t.f.: «L'Attaque du Fort Douglas»
t.e.: «Hacha de Guerra»
t.br.: «Mohawk-A Lenda do Iroquês»

Ficha técnica

Realização : Kurt Neuman
Ano de estreia : 1956
Guião : Maurice Geraghty e Milton Krims
Fotografia (cor) : Karl Struss
Música : Edward L. Alperson Jr.
Montagem : anónimo da Lexington Trading Co. Inc.
Produção : Edward L. Alperson Jr.
Distribuição : 20th. Century-Fox
Duração no cinema : 90 minutos

Ficha artística

Scott Brady (Jonathan Adams), Rita Gam (Onida), Neville Brand (Rokhawah), Lori Nelson (Cynthia Stanhope), Allyson Hayes (Greta), John Hoyt (Butler), Vera Vague (Agatha), Rhys Williams (Clem Jones), Ted de Corsia (Kowanen), Mae Clarke (Minikah), John Hudson (capitão Langley), Tommy Cook (Keoga), James Lilburn (o sargento), etc...

Sinopse

Cynthia Stanhope e sua tia Agatha (duas burguesas de Boston) chegam a Forte Douglas, um posto militar do vale do Mohawk, com a firme intenção de convencerem Jonathan Adams -um prometedor artista plástico- a apressar a data do casamento que este deverá contrair com a primeira. Mas o pintor ausentara-se da fortaleza com Greta, um dos seus modelos ocasionais, e o reencontro com a sua prometida reveste-se de alguma frieza.
Ao mesmo tempo, o ambicioso Butler tenta semear a desordem entre as tribos Iroquesas e os brancos do vale, intrigando junto de uns e de outros. Tais intrigas têm o condão de excitar os jovens guerreiros e de levá-los a tentar apoderar-se de um carregamento de armas e munições destinadas aos militares do forte. Durante a breve escaramuça que opõe índios e brancos, Adams logra capturar a jovem Onida, que é a própria filha de Kowanen, caudilho dos Iroqueses. Rendido aos encantos da bonita pele-vermelha, o pintor subtrai-a às buscas dos soldados e leva--a sã e salva à sua aldeia. Lugar onde ele decide permanecer uns tempos, para poder retratar os notáveis da tribo e ilustrar algumas cenas da vida quotidiana dos Iroqueses.
Mas Butler consegue levar por diante os seus criminosos intentos e, depois do assassínio de Keoga, irmão de Onida, os Iroqueses desenterram o machado de guerra e lançam-se numa luta sem quartel contra os colonos do vale do Mohawk. Capturado pelos índios, Jonathan consegue escapar à sua ferocidade graças à ajuda da bela Onida; e lança-se numa corrida contra o tempo para poder salvar a paz e a dignidade das duas comunidades em conflito. Tendo, finalmente, desmascarado a traição de Butler -que acaba por morrer às mãos dos Iroqueses que ele havia sublevado- o pintor Adams consegue também convencer Kowanen de que a conquista da concórdia é algo mais importante do que os louros colhidos nas batalhas.
Imperando, de novo, a tranquilidade no vale do Mohawk, Jonathan Adams e Onida podem confessar o seu amor às algo despeitadas Cynthia e Greta e contribuir, com a sua união, para que a paz entre brancos e índios reine e perdure.
Comentário
Os títulos original e português deste filme têm a ver com o espaço geográfico onde decorre -em finais do século XVIII ou início da centúria seguinte- a sua acção : o histórico e fértil vale do rio Mohawk. Ali mesmo onde John Ford situou a trama da sua primeira película colorida, a inesquecível obra intitulada «Ouvem-se Tambores ao Longe». Fita à qual Kurt Neuman e a produção roubaram descaradamente sequências inteiras para as incluirem em «Mohawk». Como, por exemplo, a famosa perseguição movida pelos pele-vermelhas ao herói branco, como o incêndio das fazendas dos colonos ou como o espectacular ataque ao forte.
Este filme (de orçamento modesto) vê-se, ainda hoje, com algum prazer, até porque o seu entrecho revela uma certa originalidade, ao oferecer protagonismo a um artista, a um pintor, em vez de recorrer à figura tradicional do herói, que, logicamente, deveria ser um garboso militar, um intrépido batedor ou um laborioso pioneiro. Presumimos que o guionista (ou o autor que inspirou o argumento desta fita) tivesse querido, nestas circunstâncias, render homenagem aos primeiros ilustradores do Oeste selvagem, tais como Catlin, Audubon e outros mais.
Scott Brady (actor falecido em 1985) interpreta aqui -com uma certa classe, note-se- o papel de Jonathan Adams, um pinga-amor e um artista plástico perdido nas plagas do wilderness, facto que contrasta com todas as outras figuras que ele protagonizou nos demais westerns em que teve o ensejo de participar; e que foram muitos, tanto no cinema como na televisão.
Habituados que estamos aos incríveis e inadmissíveis erros e anacronismos próprios deste género de filmes (a que alguns especialistas chamam pré-westerns), saudamos aqui a inteligência da produção de «Mohawk», que pôs os Iroqueses a viver nas habitações tradicionais dos ameríndios da região dos Grandes Lagos e não nos tipis característicos das nações nómadas da Grande Pradaria. Como aconteceu, por exemplo, em «Forte Niagara» (de Felix Feist, 1952), uma fita (com Lex Barker) que nos conta uma história situada sensivelmente na mesma época e na mesma região.
Não existe DVD com cópia desta película em Portugal. Em contrapartida, o filme já foi editado nesse suporte videográfico no Brasil («Mohawk-A Lenda do Iroquês») e oferece uma tripla vantagem para os coleccionadores : 1ª - está dobrado em língua portuguesa e também oferece legendas no nosso idioma; 2ª - foi editado em zona 0 (zero), o que quer dizer que o respectivo DVD pode ser lido em qualquer parte do mundo; 3ª - é actualmente vendido em vários sites da Internet a preços extremamente baixos, que, geralmente (fins de 2007), não ultrapassam os 10 Reais.
(M. M. S.)

domingo, 18 de novembro de 2007

«ANOS DE VIOLÊNCIA»

t.p.: «Anos de Violência»
t.o.: «The Rawhide Years»
t.f.: «Les Années Sauvages»
t.e.: «Aquellos Duros Años»
t.br.: «O Vício Singra o Mississippi»

Ficha técnica

Realização : Rudolph Mate
Ano de estreia : 1956
Guião : Earl Felton
Fotografia (cor) : Irving Glassberg
Música : H. J. Slater e Frank Skinner
Montagem : Russell Schoendgarth
Produção Stanley Rubin
Distribuição : Universal International
Duração no cinema : 85 minutos

Ficha artística

Tony Curtis (Ben Matthews), Colleen Miller (Zoe Fontaine), Arthur Kennedy (Rick Harper), William Demarest (Brand Comfort), William Gargan (Sommers), Peter Van Eyck (André Boucher), Minor Watson (Matt Comfort), Don Randolph (Carrico), Robert J. Wilke (Neal), Trevor Bardette (o capitão do «Montana Queen»), etc...
Sinopse
O jovem Ben Matthews ganha a vida jogando póquer a bordo de um casino flutuante.
Acusado, injustamente, do assassínio de Matt Comfort, um rico e estimado criador de cavalos, Ben foge para escapar à fúria dos habitantes de Galena, que acabam por vingar a morte do seu concidadão na pessoa de Carrico (seu parceiro de batota), enforcando-o num dos mastros de carga do navio fluvial «Montana Queen».
Os anos passam. Depois de ter exercido a rude profissão de vaqueiro num rancho afastado, Ben regressa a Galena para reatar relações com Zoe Fontaine, uma cantora de cabaré que ele ama, e para tentar desvendar a identidade dos verdaeiros responsáveis pelo crime que o condenou ao exílio.
Para grande surpresa sua, é em casa do próprio irmão da vítima que Ben descobre provas irrefutáveis contra os autores do homicídio do rancheiro Matt Comfort; que, afinal, são os mesmos indivíduos que, com uma certa frequência, assaltam os barcos do Mississippi para se apoderarem dos valores que estes vapores transportam.
Entre os chefes dessa quadrilha de malfeitores, encontra-se -além do desleal Brand Comfort- um influente e abastado comerciante da cidade de Galena : André Boucher, patrão e amante da bela Zoe...
Comentário
Esta película de Rudolph Mate não é a melhor da sua filmografia western, que compreende alguns excelentes títulos, tais como «Homens Violentos» (animado pelo trio de luxo Glenn Ford--Barbara Stanwyck-Edward G. Robinson) ou como «Perdoa o Meu Passado» (onde campeia a atlética silhueta de Charlton Heston). É, no entanto, um filmezinho que ainda hoje se vê com prazer, mercê do seu invulgar entrecho policial, e com uma certa nostalgia, por tratar-se de um produto típico do cinema de série B (made in Hollywood) dos áureos anos 50.
A nível da interpretação, realce-se, sobretudo, o trabalho de Arthur Kennedy -brilhante no papel de Rick Harper, o ambíguo companheiro do herói da fita- e de Peter Van Eyck, que, em «Anos de Violência», da saíu muito bem da sua tarefa de credibilizar a figura do elegante e brutal André Boucher.
Seríamos injustos se não referíssemos o nome de Collen Miller, que, neste filme, interpreta três bonitas canções («Give me Your Love», «Happy go Lucky» e «The Gipsy whit the Fire in his Shoes») e não louvássemos o técnico de câmara Irving Glassberg, pela excelência das imagens (em luxuoso TechniColor) que ele nos ofereceu.
Diga-se ainda, a título de curiosidade, que o argumentista Earl Felton foi coadjuvado por Robert Presnell Jr. e por D. D. Beauchamp na adaptação cinematográfica de «Anos de Violência», que se inspirou numa novela de Norman A. Fox.
(M. M. S.)

«LIBERDADE OU MORTE»

t.p: «Liberdade ou Morte»
t.o.: «The First Texan»
t.f.: «Attaque à l'Aube»
t.e.: «Libertad o Muerte»
t.br.: «O Homem Destino»

Ficha técnica

Realização : Byron Haskin
Ano de estreia : 1956
Guião : Daniel B. Ullman
Fotografia (cor) : Wilfrid Cline
Música : Roy Webb
Montagem : George White
Produção : Walter Mirisch
Distribuição : Allied Artists
Duração no cinema : 82 minutos

Ficha artística

Joel McCrea (Sam Houston), Felicia Farr (Katherine), Jeff Morrow (Jim Bowie), Wallace Ford (Delaney), Abraham Sofaer (don Carlos), Jody McCrea (Baker), Chubby Johnson (Deaf Smith), Dayton Lummis (Austin), Rodolfo Hoyas (Cos), William Hopper (Travis), Roy Roberts (Sherman), David Silva (general Santa Ana), Frank Puglia (Pepe), James Griffith (Davy Crockett), Carl Benton Reid (presidente Jackson), etc...

Sinopse

Ano de 1832. Sam Houston, que havia renunciado à política para se poder consagrar a tempo inteiro ao exercício da advogacia, transpõe o rio Vermelho -uma das fronteiras naturais do Texas- e dirige-se para a cidade de San Antonio de Bejar.

É ali que, casualmente, ele vai travar conhecimento com um grupo de conspiradores locais, que projectam separar o Texas do resto da nação mexicana e fazer desse imenso e rico território um estado independente.
Apesar de ter valorosamente defendido -em tribunal- alguns dos referidos conspiradores, Houston recusa aderir à sua patriótica causa. Por estar convencido da prematuridade das suas reivindicações, mas também por ter feito a solene promessa a Katherine Delaney (sua noiva e colaboradora) de que não se comprometeria politicamente com os conjurados.
Inesperadamente, Davy Crockett -mensageiro secreto do presidente dos Estados Unidos- chega a San Antonio e entrega ao advogado uma convocatória, que o intima a apresentar-se urgentemente em Washington, diante do presidente Jackson.
Ali, no palácio presidencial, Andrew Jackson convence Sam Houston da absoluta necessidade de apoiar a causa dos rebeldes e de agir de modo a que o Texas solicite -depois de ganhar a independência- a sua adesão à União.
Abandonado por uma decepcionada Katherine, Sam investe-se a fundo no movimento de libertação do Texas. Nomeado general dos insurrectos, Houston reúne uma coluna de voluntários armados para oferecer luta a António Lopez de Santa Ana, general-presidente do México, que investira o território do Texas à testa de numeroso exército.
Depois do desastre de Álamo, missão fortificada onde morreram alguns dos seus melhores amigos, Sam Houston atrai as tropas mexicanas às margens do rio San Jacinto, onde lhes inflige uma histórica e decisiva derrota. O ditador Santa Ana é capturado e obrigado a assinar a cedência do Texas aos seus habitantes.
Entretanto, Katherine Delaney reconsidera a sua posição em relação à atitude tomada pelo seu amado e acaba por cair nos braços do vitorioso general Sam Houston, o libertador do Texas.
Comentário
«Liberdade ou Morte» é, como já se viu no resumo acima apresentado, um filme de aventuras, cuja acção gira, essencialmente, em volta da personagem de Sam Houston, um dos pais da independência do Texas.
Como não podia deixar de acontecer, é também questão, nesta fita, do celebérrimo assalto ao forte Álamo, em cuja defesa morreram em combate, frente às tropas regulares mexicanas, algumas das figuras mais carismáticas da história da insurreição texana e da saga westerniana. Tais como os coronéis William Travis, Jim Bowie e Davy Crockett, figuras todas elas aqui evocadas para a posteridade de uma maneira que nem sempre concorda com a verdade dos factos.
Esta fita de Byron Haskin não nos oferece, pois, nada de novo. É um filmezinho sem grandes pretensões, que se limita a ilustrar o ponto de vista hollywoodesco sobre uma guerra provocada pelos ianques e que obrigou, no seu término, os mexicanos a subscreverem o famigerado tratado de Guadalupe-Hidalgo (assinado em 2 de Fevereiro de 1848) e a cederem aos seus poderosos vizinhos do norte mais de metade do seu território nacional.
Note-se, no cartaz deste filme, os conhecidos nomes de Joel McCrea e de Felicia Farr, dois ídolos das plateias populares da época em que se estreou «Liberdade ou Morte». Para a actriz, este papel de Katherine (sem grande relevo, diga-se de passagem) constituiu a sua primeira experiência num filme com história ambientada no Oeste. Confessamos ter gostado muito mais das actuações que esta graciosa creatura teve nas três fitas que ela rodaria, sucessivamente, sob a direcção do grande Delmer Daves : «Jubal» (1956), «A Última Caravana» (1956) e «O Comboio das 3 e 10» (1957).
Quanto a Joel McCrea (1905-1990), o herói de serviço, diga-se que o seu nome é, simplesmente, uma das incontornáveis referências do cinema western. Com uma trintena de películas do género na sua filmografia, este popular actor pode equiparar-se, nesse campo, a colegas como Randolph Scott (ao lado de quem ele rodou, em 1962, o inesquecível filme de Peckinpah, intitulado «Os Pistoleiros da Noite»), como John Wayne ou como Audie Murphy.
Não temos conhecimento da existência (na zona 2) de edições DVD com cópia desta fita.
(M. M. S.)

sábado, 17 de novembro de 2007

«A BALADA DE GREGÓRIO CORTEZ»

t.p.: «A Balada de Gregório Cortez»
t.o.: «The Ballad of Gregorio Cortez»
t.f.: «La Ballade de Gregorio Cortez»
t.e.: «Persecusión en Texas»
t.br.: ***

Ficha Técnica

Realização : Robert M. Young
Ano de estreia : 1983
Guião : Robert M. Young e Victor Villaseñor
Fotografia (cor) : Ray Villalobos
Música : W. Michael Lewis e Edward J. Olmos
Montagem : Arthur Coburn e John Bertucci
Produção : Moctezuma Esparza e Michael Hausman
Distribuição : P. B. S.
Duração : 100 minutos

Ficha artística

Edward James Olmos (Gregório Cortez), James Gammon (Frank Fly), Tom Bower (Boone Choal), Bruce McGill (repórter Blackerly), Brion James (capitão Rogers), Alan Vint (Mike Timmell), Timothy Scott (xerife Morris), Pepe Serna (Romualdo Cortez), Michael McGuire (xerife Glower), Barry Corbin (Abermathy), Jack Kehoe (procurador Pierson), Rosana de Soto (Carlota Muñoz), Victoria Plata (Carmen Cortez), etc...
Sinopse
Na sequência de um mal-entendido, ocorrido aquando de um interrogatório policial, o cidadão mexicano Gregório Cortez abate -em estado de legítima defesa- o xerife Morris, do condado de Gonzalez, Texas.
Está-se no dealbar do século XX (precisamente no ano de 1901), mas as populações texanas ainda não esqueceram o histórico e traumático drama de Forte Álamo. É, pois, animada do mais puro espírito revanchista que uma tropa de 600 rangers se lança numa desenfreada e impiedosa perseguição a Gregório Cortez, através da mais inóspita e perigosa região do sudoeste dos Estados Unidos.
Onze dias depois, apesar do número e da fanática persistência dos seus inimigos, Gregório Cortez atravessa o rio Grande e vai colocar-se a salvo em território mexicano. Logrando escapar, assim, à gigantesca caça ao homem que os texanos encarniçadamente lhe moveram.
Informado, entretanto, que a despeitada justiça ianque retém prisioneira toda a sua família, o fugitivo toma a corajosa decisão de regressar a Gonzalez, se bem que esteja perfeitamente cônscio de que, no Texas, terá de afrontar as iniquidades de um tribunal muito permeável às reacções e às pressões da população local, notoriamente conhecida pelo seu xenofobismo e pelo seu carácter vindicativo.
Comentário
Inspirado num acontecimento autêntico (relatado por Américo Paredes no seu livro «With his pistol in his hand» e cantado num célebre e popular corrido), «A Balada de Gregório Cortez» é uma produção americano-mexicana com realização de Robert M. Young, cineasta que, com esta fita, receberia vários prémios em festivais internacionais, nomeadamente nos de San Sebastián (Concha de Oro) e de Cannes (Caméra d'Or).
Além do mérito que tem, portanto, de se apoiar numa história verídica, que, no seu tempo, exacerbou paixões e mobilizou as opiniões públicas do Texas e do norte do México, «A Balada de Gregório Cortez» oferece-nos também interessante matéria de reflexão sobre a fragilidade do indivíduo face à desumanização da engrenagem policial-judicial.
Elaborada na linha daquele magnífico western de Abraham Polonsky intitulado «O Vale do Fugitivo», esta película de Young (igualmente despojada de romantismo) constitui, ainda, um requisitório contra certa imprensa que -em inícios do século XX, como nos nossos dias- vive do escândalo, não hesitando mistificar os seus leitores para, assim, os manipular mais facilmente e, ao mesmo tempo, tirar proventos da venda de jornais.
«A Balada de Gregório Cortez» apresenta-se, deste modo, como um filme diferente e como uma obra cativante no morno panorama do cinema western da década de 80. Pena foi que este honesto e belo trabalho de Robert M. Young não tenha encontrado um distribuidor no nosso país e que os westernófilos portugueses (e todos os outros amadores de bom cinema) só o tenham podido descobrir através do formato reduzido, e redutor, do vídeo.
Cumprimentos, no entanto, à Edivídio, firma que, aqui há uns bons anos atrás, teve a óptima ideia de divulgar em Portugal esta obra invulgar, ao colocar no nosso mercado de aluguer a cassete desta película. Só nos resta perguntar : para quando a venda directa de uma cópia de «A Balada de Gregório Cortez» em formato DVD?
(M. M. S.)

«A BALADA DE GREGÓRIO CORTEZ»

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

«OS AVENTUREIROS DO DESERTO»

t.p.: «Os Aventureiros do Deserto»
t.o.: «The Walking Hills»
t.f.: «Les Aventuriers du Désert»
t.e.: ***
t.br.: «Sete Homens Maus»

Ficha técnica

Realização : John Sturges
Ano de estreia : 1949
Guião : Alan LeMay
Fotografia (p & b) : Charles Lawton
Música : Arthur Morton
Montagem : William Lyon
Produção : Harry Joe Brown
Distribuição : Columbia Pictures
Duração no cinema : 78 minutos

Ficha artística

Randolph Scott (Jim Carey), Ella Raines (Chris Jackson), William Bishop (Shep), Edgar Buchanan (Willy), Arthur Kennedy (Chalk), John Ireland (Frazee), Jerome Courtland (Johnny), Josh White (Josh), Russell Collins (Bibbs), Charles Stevens (Cleve), etc...
Sinopse
Está-se em finais do século XIX, no Oeste americano.
Depois de ter corrido o boato de que um carroção repleto de ouro fora abandonado, há muitos anos atrás, no Vale da Morte e de que esse veículo ainda por lá se encontra à espera de quem o procure e encontre, inúmeros aventureiros acorrem àquela região inóspita, situada nos confins do estado da Califórnia. Nutrindo todos a esperança de enriquecer rapidamente, graças a esse tesouro, que se diz ser de valor incalculável e que se oferece aos audazes ou...aos loucos.
Entre esses aventureiros ávidos de riqueza, contam-se Jim Carey, um criminoso fugido à justiça e Frazee, o agente policial que o persegue; Shep, um assassino, e a sua companheira Chris Jackson (que fora, outrora amante de Jim); Chalk, um caçador de tesouros profissional; Josh, um cantor; Bibbs, proprietário de um saloon; Johnny, um jovem e inexperiente fora-da-lei; um índio que responde pelo nome de Cleve; e Willy, um velho pioneiro.
Os perigos da viagem e da estadia no tórrido e selvagem Vale da Morte, assim como as rivalidades provocadas por velhas paixões e pela febre do ouro vão engendrar provocações e desafios, que resultam em brigas violentas. Na sequência das quais Johnny, Frazee e Chalk acabam por perder a vida.
E quando o tesouro é, enfim, descoberto, os sobreviventes da expedição podem constatar, decepcionados, que o seu real valor não compensa os sacrifícios consentidos, nem justifica a morte dos seus companheiros de aventura.
Comentário
Com um argumento de Alan LeMay a fazer lembrar, vagamente, o de «O Tesouro de Serra Madre», este filme -estreado em 1949- foi o primeiro de todos os westerns realizados por John Sturges. Cineasta que havia começado a sua carreira de realizador quatro anos atrás e que acabaria por revelar-se num dos grandes especialistas desse género de películas. Detalhe que, aliás, já ninguém ignora.
A trama deste filme foi particularmente bem construída e já deixava adivinhar que este Surges faria cama na profissão. Até porque a direcção de actores foi, igualmente, hábil e decidida, tendo o realizador beneficiado da colaboração interessada da vedeta principal da fita -Randolph Scott- que havia investido algum dinheiro seu na produção de «Os Aventureiros do Deserto».
O elenco desta fita compreendia, além do supracitado e já famoso Scott, alguns actores com algum prestígio em Hollywood. A esse propósito, atente-se na presença de Edgar Buchanan e dos nóveis e promissores comediantes John Ireland (que, nesse mesmo ano de 1949, apareceu no western de Fuller intitulado «Matei Jesse James») e Arthur Kennedy (que, antes da sua participação nesta película, já tinha no seu currículo obras como «Todos Morreram Calçados» e «Feras Sangrentas», ambas dirigidas por Raoul Walsh).
Contrariamente aos outros westerns de John Sturges, que têm sido alvo de reposições relativamente frequentes e de múltiplas programações televisivas, este seu primeiro filme do género tem sido (vá lá saber-se porquê?) votado ao ostracismo. Sendo até, por essa razão, muito pouco conhecido dos próprios westernófilos. O que é pena!
Quando decidirão, pois, os editores de DVD's fazer-nos uma boa surpresa, tirando «Os Aventureiros do Deserto» do anonimato em que mergulhou? -Aqui fica a pergunta e o desafio.
(M. M. S.)

«DUELO DE AMBIÇÕES»

t.p.: «Duelo de Ambições»
t.o.: «The Tall Men»
t.f.: «Les Implacables»
t.e.: «Los Implacables»
t.br.: «Nas Garras da Ambição»

Ficha técnica

Realização Raoul Walsh
Ano de estreia : 1955
Guião : Sidney Boehm e Frank Nugent
Fotografia (cor) : Leo Tower
Música : Victor Young
Montagem : Louis R. Loeffler
Produção : William Bucher e William Hawks
Distribuição : 20th. Century-Fox
Duração no cinema : 121 minutos

Ficha artística

Clark Gable (Ben Allison), Jane Russell (Nella Turner), Robert Ryan (Nathan Stark), Cameron Mitchell (Clint Allison), Juan Garcia (Luis), Harry Shannon (Sam), Emile Meyer (Chickasaw), Steven Darrell (o coronel), Will Wright (Gus), Robert Adler (Wrangler), Tom Fadden (o proprietário do estábulo), etc...
Sinopse
Está-se no território de Montana, pouco tempo depois de terem cessado os combates da guerra civil. Ben e Clint Allison, dois irmãos texanos (e antigos membros dos corpos francos de Quantrell), raptam o rico e influente Nathan Stark com o intuito de o aliviarem dos 20.000 dólares que este possui. Hábil negociador, Stark consegue, porém, convencer os seus assaltantes a restituirem-lhe os fundos, para que os ditos sejam investidos num negócio, que proporcionará substanciais proventos a todos eles.
É, pois, como sócios que os três homens partem para o Texas, onde irão reunir uma imensa manada de bovinos. Reses que se destinam a abastecer o deficitário mercado de Montana, onde serão vendidas com uma enorme margem de lucro.
A caminho do sul, Ben trava conhecimento com Nella Turner, única sobrevivente de uma caravana de pioneiros atacada pelos pele-vermelhas. A atitude provocatória dessa belíssima mulher faz nascer uma mal dissimulada rivalidade entre Ben Allison e Nathan Stark, que, um e outro, a cobiçam e empreendem a sua conquista.
No Texas, a manada é reunida e conduzida por uma equipa de vaqueiros de origem mexicana, que nutre grande admiração e estima por Ben. O caminho para Montana é longo e repleto de perigos : intempéries, ataques de índios (que matam Clint) e assaltos de quadrilheiros especializados no roubo de gado. Mas, depois de porfiadas lutas contra homens e elementos, os bovinos chegam ao seu destino.
Na hora da partilha Stark está decidido a fazer pagar a Ben ofensas atrasadas. É assim que o texano é entregue às autoridades policiais do território, por ter, outrora, tentado roubar ao homem de Montana a soma de 20.000 dólares. Mas o experiente Ben Allison tomara as suas precauções. E, no momento em que lhe é dada voz de prisão, os seus dedicados companheiros mexicanos intervêm na contenda e fazem pender o fiel da balança a seu favor.
Nella Turner, que hesitara um tempo entre o dandy endinheirado que é Nathan Stark e o antigo e rude guerrilheiro de Quantrell, acaba por deixar falar mais alto o seu coração e por seguir o cowboy do Texas na sua viagem de regresso ao sul.
Comentário
Embora «Duelo de Ambições» não seja o melhor western de Raoul Walsh, a verdade é que este filme é uma das grandes obras do género com a assinatura desse «poeta, borracho e brigão de origem hispano-irlandesa», como ele gostava de se definir a si próprio.
Walsh demonstra, nesta sua película, porque razão chegou a ser considerado um dos grandes mestres hollywoodianos do cinema de acção. As cenas de movimento de «Duelo de Ambições» (e são muitas) foram, com efeito, perfeitamente orquestradas e podiam facilmente figurar numa antologia visual consagrada ao cinema western. Esta fita é, por outro lado, uma obra de grande beleza formal, que saiu muito valorizada pelo recurso ao CinemaScope, técnica que, obviamente, tudo torna mais grandioso e espectacular : as magníficas paisagens do Oeste americano, mas, igualmente, o movimento dos homens e dos animais.
Refira-se, ainda, que o cineasta não teve o mínimo problema em dirigir e fazer cooperar, entre elas e com a realização, as três grandes vedetas do cinema norte-americano da época, que eram Clark Gable, Robert Ryan e a graciosa, sensual e provocadora Jane Russell.
E, já agora, aponte-se também que o guião de «Duelo de Ambições» foi colhido nas páginas de um romance de Clay Fisher; e que a canção interpretada -de maneira tão lânguida- por miss Russell (ou melhor, por Nella Turner, a personagem que a actriz encarna nesta película) é da autoria de Ken Darby.
«Duelo de Ambições» já tem editadas (na zona 2) várias cópias sobre suporte DVD. Ignoramos é se existe legendagem em língua portuguesa nalguma delas.
(M. M. S.)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

«PERSEGUIÇÃO INFERNAL»

t.p.: «Perseguição Infernal»
t.o.: «The Great Locomotive Chase»
t.f.: «L'Infernale Poursuite»
t.e.: «Heróes de Hierro»
t.br.: «Têmpera de Bravos»/«Assalto ao Trem»

Ficha técnica

Fess Parker (James J. Andrews), Jeffrey Hunter (William Fuller), Jeff York (William Campbell), John Lupton (William Pittenger), Eddie Firestone (Robert Buffum), Kenneth Tobey (Anthony Murphy), Don Megowan (Marion A. Ross), Claude Jarman Jr. (Jacob Parrott), Harry Carey Jr. (William Bensinger), Lennie Greer (J. A. Wilson), etc...

Sinopse

Está-se no ano de 1862, em plena Guerra Civil. O general Mitchell ordena a James J. Andrews -um dos agentes secretos do exército federal- que escolha vinte combatentes e se interne, com eles, em território inimigo. A fim de ali levarem a cabo uma espinhosa missão : capturar e utilizar um comboio sulista, para os ajudar a destruir todas as pontes que suportam a via férrea ligando as cidades de Alexandria e Memphis; assim como um troço da rede telegráfica local. Esse raide serve, naturalmente, para prejudicar a acção das tropas inimigas, nomeadamente a das forças comandadas pelo brilhante general confederado Pierre de Beauregard.
A primeira fase da missão é um sucesso para os unionistas, já que Andrews consegue mistificar William Fuller, o competente funcionário da companhia de caminhos-de-ferro visada. Mas este não tarda a aperceber-se do logro de que fora vítima e empreende uma perseguição ao comboio que, devido à sua boa fé, havia caído em poder dos adversários da Confederação. E, apesar de todos os ardis utilizados pelos agentes do Norte, Fuller consegue prevenir a cavalaria sulista e, assim, contribuir pessoalmente para a captura dos sabotadores.
Todos os espiões são condenados à morte por um tribunal de guerra confederado. Alguns dos combatentes nortistas conseguem, todavia, escapar da prisão onde aguardavam a sua execução, graças ao sacrifício consentido por Andrews e por alguns outros dos seus companheiros.
Antes de morrer, James J. Andrews terá a oportunidade de falar com William Fuller. E, a título particular, manisfesta-lhe a sua admiração pela constância e coragem que ele demonstrara aquando da caça que lhe movera, a si e aos seus homens.
Todos os agentes secretos de Washington receberão (alguns deles a título póstumo) a Medalha de Honra do Congresso, condecoração recentemente instituída para recompensar actos de bravura considerados excepcionais.
Comentário
No tempo em que os westerns estavam na moda, os Estúdios de Walt Disney utilizaram várias vezes o saber de Francis D. Lyon (ex-técnico de montagem da Rank) para elaborar obras deste género -tão genuinamente americano- destinadas ao entretenimento familiar. Tal como outras fitas da Disney da mesma época, esta singular aventura ferroviária que é «Perseguição Infernal» também fazia (e não há mal nisso) a apologia das virtudes do homem americano, exaltando-lhe a coragem, a lealdade, o patriotismo.
Quem se lembra de ter visto a fabulosa película «Pamplinas Maquinista» («The General», coroa de glória do burlesco Buster Keaton), decerto descobrirá afinidades entre esse clássico do cinema mudo e «Perseguição Infernal». O que é natural, visto um e outro filme se inspirarem de um acontecimento verídico ocorrido em Abril de 1862, durante a fratricida Guerra de Secessão.
Sem ser uma obra-prima do cinema de aventuras bélicas, «Perseguição Infernal» dispõe, no entanto, de todos os ingredientes (acção, suspense, emoção) para ser visto, ainda hoje, como um excelente passatempo. É assim, aliás, que consideramos esta fita, que, além do mais, tem o mérito de reunir um leque de óptimos intérpretes. A começar pelo atlético Fess Parker (1,95 m, 100 kg), o Davy Crockett e Daniel Boone exclusivo dos Estúdios Walt Disney. Jeffrey Hunter, no papel de William Fuller, também fez aqui um belíssimo trabalho de interpretação. O que não é de admirar por parte deste actor fordiano, que foi protagonista de alguns dos melhores westerns de toda a História do Cinema.
(M. M. S.)

«O HOMEM DA LEI»

t.p.: «O Homem da Lei»
t.o.: «Lawman»
t.f.: «L'Homme de la Loi»
t.e: «En Nombre de la Ley»
t.br.: «Mato em Nome da Lei»

Ficha técnica

Realização : Michael Winner
Ano de estreia : 1970
Guião : Gerald Wilson
Fotografia (cor) : Bob Paynter
Música : Jerry Fielding
Montagem : Freddie Wilson
Produção : Michael Winner
Distribuição : United Artists
Duração no cinema : 99 minutos

Ficha artística

Burt Lancaster (Jered Maddox), Robert Ryan (Cotton Ryan), Lee J. Cobb (Vincent Bronson), Robert Duvall (Vernon Adams), Shree North (Laura Shelby), Joseph Wiseman (Lucas), Albert Salmi (Harvey Stenbaugh), J. D. Cannon (Hurd Price), John McGiver (Sam Bolden), Richard Jordan (Crowe Wheelwright), John Beck (Jason Bronson), etc...

Sinopse

Jered Maddox, que exerce as funções de xerife do condado de Bannock (Novo México), chega a Sabbath munido do mandato de captura de sete vaqueiros que, no decorrer de uma agitada noite de bebedeira, mataram acidentalmente um dos seus concidadãos.
Perante as reticências e a complacência do seu colega de Sabbath, que revela ser um dos homens de palha do potentado local (o rancheiro Bronson, pai de um dos cowboys procurados pela justiça), o xerife Maddox resolve agir sózinho e empregar a força das armas. Para que a lei seja cumprida rigorosamente, integralmente.
À acção do forasteiro vai, igualmente, opor-se a população do lugarejo -que, na sua maioria, depende economicamente da actividade ganadeira de Bronson- e Laura Shelby, uma antiga relação amorosa de Maddox e que agora vive com um dos homens implicados no crime cometido em Bannock.
A atitude intransigente do representante da lei e a arrogância dos seus principais adversários vão radicalizar a situação e abrir caminho à formidável onda de violência que acaba por avassalar a pequena localidade de Sabbath.
Comentário
Terminada a rodagem desta película, Michael Winner manifestou publicamente a sua auto--satisfação, proclamando urbi et orbe ter feito «o mais autêntico western jamais realizado». E isso, pelo facto de ter disposto de um sólido guião e de, ele próprio, ter reservado uma especial atenção (quase maníaca, no dizer de um dos seus colaboradores) aos detalhes vestimentares das personagens que povoam a sua história, à decoração de interiores e, sobretudo, à engenhosa maneira como ele conseguiu metamorfosear a localidade mexicana de Chupaderos na Sabbathtown da fita.
Passando sobre a imodéstia do cineasta britânico (que, lembramos, nos ofereceria uns meses mais tarde «Desforra Apache»), diga-se que, em boa verdade, «O Homem da Lei» é um western de boa factura e extremamente eficaz. A acção do filme segue-se com crescente curiosidade, desde o momento em que surgem no écran (logo no início da projecção) Jered Maddox e a sua primeira vítima, até às últimas imagens da fita, quando a violêncioa atinge o seu paradoxismo. Winner surpreendeu (e em certos momentos até indispôs) o espectador ordinário, ao oferecer--lhe cenas jamais (ou raramente) vistas no cinema do género. Como aquela, por exemplo, em que se assiste, com estupefacção, ao horrível suicídio do rancheiro Bronson, ou como aqueloutra em que o despeitado homem da lei executa, friamente, um rival indefeso que lhe vira as costas.
Ao razoável sucesso de bilheteira obtido nos Estados Unidos por este singular western (no qual alguns coca-bichinhos julgaram ver um inconfessado remake do filme «Sozinho Contra a Cidade», realizado em 1955 por Richard Wilson) não é alheio o profissionalismo e o carisma do trio vedeta desta produção -Burt Lancaster, Robert Ryan e Lee J. Cobb- que, com muita convicção, deram alma e consistência aos protagonistas principais desta história brutal, de uma crueza visivelmente inspirada pelo chamado western-spaghetti.
Curiosamente, o actor Burt Lancaster -um dos grandes defensores de Winner e deste seu filme, que esteve muito longe de fazer a unanimidade da crítica- rodou esta película entre dois outros westerns, também eles muito violentos e contestados : «Valdez» (de Edwin L. Sherin) e «Ulzana, o Perseguido» (de Robert Aldrich).
(M. M. S.)

«LUTA DE MORTE»

t.p.: «Luta de Morte»
t.o.: «The Oklahoman»
t.f.: «Fureur sur l'Oklahoma»
t.e.: «El Hombre de Oklahoma»
t.br.: «Quando as Pistolas Decidem»

Ficha técnica

Realização : Francis D. Lyon
Ano de estreia : 1957
Guião : Daniel B. Ullman
Fotografia (cor) : Carl Guthrie
Música : Hans Salter
Montagem : George White
Produção : Walter Mirisch
Distribuição : Allied Artists
Duração no cinema : 85 minutos

Ficha artística

Joel McCrea (Dr. John Brighton), Barbara Hale (Ann Barnes), Brad Dexter (Cass Dobie), Gloria Talbot (Maria Smith), Verna Felton (senhora Waynebrook), Douglas Dick (Mel Dobie), Michael Pate (Charlie Smith), Anthony Caruso (Jim Hawk), Esther Dale (senhora Fitzgerald), Adam Williams (Bob Randell), Ray Teal (Jason), Peter Votrian (o pequeno Charlie), John Pickard (o xerife), etc...
Sinopse
Integrado numa caravana que se dirige para a Califórnia, o Dr. Brigthon não consegue salvar a vida de sua mulher, que entrara em trabalhos de parto durante a longa e atribulada viagem. o clínico logra, no entanto, assegurar a sobrevivência do bébé, uma menina. Os viajantes encontram-se, então, no território de Oklahoma e o médico decide abandonar os seus companheiros de jornada, para se fixar na povoação mais próxima do lugar onde perdera a sua esposa.
O Dr. Brigthon e o bébé são acolhidos em casa da senhora Waynebrook, uma viúva já idosa que acaba por se afeiçoar aos recém-chegados. O médico abre um consultório na localidade e granjeia rapidamente a admiração e a estima dos seus novos concidadãos, entre os quais figuram algumas famílias de etnia pele-vermelha.
Mas John Brigthon, um homem moralmente bem formado, acaba por intrometer-se num conflito que estala entre Charlie Smith -um simpático agricultor Cherockee- e o poderoso rancheiro Cass Dobie, que, por razões obscuras e a bem ou a mal, deseja apoderar-se das terras de todos os seus vizinhos.
Depois de várias peripécias, o médico acaba por compreender o motivo dessa avidez e por desmascarar Dobie. As terras cobiçadas são ricas em petróleo e o ganancioso ganadeiro pretende ser o único homem da região a desfrutar desse inesperado tesouro.
A desavença entre o Dr. Brigthon e Cass Dobie vai descambar numa luta de morte, da qual o primeiro sai vencedor num duelo à pistola. Gravemente desgastado por esse combate físico e psicológico, o médico entrega-se aos cuidados da carinhosa Ann Barnes, uma beldade local que está disposta a partilhar com ele o resto da sua vida...
Comentário
Filme simpático devido, sem dúvida, à opção anti-racista tomada pelo guionista Daniel B. Ullman, que aqui nos conta a atribulada e edificante história do Dr. Brigthon (encarnado por Joel McCrea); que, na cidadezinha do Oklahoma onde se estabelecera por mero acaso, vai tomar o partido de uma pacífica e laboriosa família ameríndia, ameaçada de expoliação por um potentado local.
«Luta de Morte» é, pois, mais um produto de série que se vê -meio século depois da sua realização- sem desprazer. Falta, no entanto, a este trabalho de Francis D. Lyon o sopro épico (e algo mais) que consagrou fitas como «A Porta do Diabo» (de Anthony Mann) ou como «A Flecha Quebrada» (de Delmer Daves). Fitas que, meia dúzia de anos atrás, haviam iniciado triunfalmente o ciclo dos westerns pró-índios, humanizando a figura do autóctone americano e dignificando, ao mesmo tempo, este género de cinema.
Refira-se que «Luta de Morte» foi o terceiro dos cinco westerns dirigidos por Francis D. Lyon. A sua melhor obra do género é, muito provavelmente, «Perseguição Infernal» (1956), uma movimentada fita, cuja acção se desenrola durante a Guerra Civil e coloca, frente a frente, os operacionais dos serviços secretos da União e um obstinado agente (sulista) de uma companhia ferroviária.
Para Joel McCrea, o papel aqui desempenhado foi apenas mais um dos muitos que ele protagonizou para o cinema western. Com participação em mais de 30 fitas do género, este sóbrio (mas muito bom) actor tornou-se -a justo título- uma das suas figuras mais carismáticas.
Não conhecemos, por enquanto, nenhuma edição DVD desta película.
(M. M. S.)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

«EMBOSCADA NA SOMBRA»

t.p.: «Emboscada na Sombra»
t.o.: «The Stalking Moon»
t.f.: «L'Homme Sauvage»
t.e.: «La Noche de los Gigantes»
t.br.: «A Noite da Emboscada»

Ficha técnica

Realização : Robert Mulligan
Ano de estreia : 1969
Guião : Alvin Sargent
Fotografia (cor) : Charles Lang
Música : Fred Karlin
Montagem : Aaron Stell
Produção : Alan Pakula
Distribuição : National General Pictures
Duração no cinema : 109 minutos

Ficha artística

Gregory Peck (Sam Varner), Eva Marie Saint (Sarah Carver), Robert Forster (Nick Tana), Frank Silvera (o oficial de cavalaria), Noland Clay (o filho de Sarah), Russell Thorson (Ned), Sandy Wyeth (Rachel), Nathaniel Narcisco (Salvaje), Lonny Chapman (Purdue), Henry Beckman (sargento Rudabaugh), etc...
Sinopse
Está-se em 1881, no território do Arizona. Durante a sua última missão ao serviço do exército dos Estados Unidos, o batedor Sam Varner ajuda a capturar um grupo de Apaches rebeldes. Entre eles encontram-se uma cativa de nome Sarah Carver e o seu filho, um menino mestiço.
Acedendo ao insistente pedido da ex-prisioneira dos pele-vermelhas, Varner acompanha-a (mai-lo filho) a um posto de passagem da diligência; posto que, durante uma breve ausência de Sam, de Sarah e do petiz, é atacado e destruído por um grupo de Apaches chefiados pelo implacável Salvaje.
Verificando que a mulher que se colocara (com o filho) sob a sua protecção não tem para onde ir, Sam Varner propõe-lhe que o acompanhe ao Novo México, onde ele possui um rancho e se quer dedicar -agora que está aposentado- à criação de gado. Sarah aceita a proposta que lhe é feita e instala-se em casa do seu benfeitor, depois de lhe ter confidenciado que o seu menino é filho de Salvaje.
Alguns dias mais tarde, surge no rancho um amigo de Sam -o mestiço Nick Tana- que vem prevenir o antigo batedor do exército da eminência de um ataque do pai da criança. E, com efeito, Salvaje não tarda a manifestar a sua presença na região, cometendo uma série de crimes hediondos contra os pacíficos vizinhos de Varner.
Sam prepara-se para afrontar o seu invisível inimigo. Mas Salvaje é um guerreiro ardiloso, um combatente fantástico, que sabe aproveitar-se das características do terreno que pisa para cair sobre o adversário no momento em que este menos o espera. Nessas circunstâncias, Sam Varner é ferido gravemente pelo seu temível inimigo. Mas acaba por levar a melhor na luta contra essa sanguinária criatura que é Salvaje e por garantir (finalmente!) a segurança e a paz aos seus protegidos.
Comentário
Esta obra do apreciado cineasta Robert Mulligan é uma película discrepante, incaracterística, no panorama do cinema western. «Emboscada na Sombra» é, com efeito, uma estranha história de terror imaginada -para o quadro majestoso do Oeste americano de fins do século XIX- pelo romancista Theodore V. Olsen e muito bem adaptada pelo guionista Alvin Sargent.
A angústia do espectador passa aqui, gradualmente, da simples preocupação pelo que de mal possa vir a acontecer a certas personagens simpáticas da fita (Sam e Sarah, essencialmente) ao assombro; e evolui deste sentimento até ao pavor mais aflitivo, a partir do momento em que se manifesta (já no final do filme) a inquietante e fugidia presença do impiedoso Salvaje. «É necessário possuir nervos de aço par poder suportar tal suspense», escreveu-se na conceituada revista 'Life', aquando da estreia deste insólito western.
Apesar destas suas duras características, «Emboscada na Sombra» encerra, também, uma história romântica, embora algo traumatizante : a do amor que, pouco a pouco, se vai insinuando nas tímidas relações estabelecidas entre Sam e Sarah e que nenhum deles consegue exprimir por palavras. Esse amor entre um homem duro e solitário e uma pobre mulher que sofrera as agruras do cativeiro e o estigma de uma união imposta pela selvajaria do seu captor, é, pois, aqui subtilmente induzido por Mulligan. O que levou François Guerif a falar de «ligações invisíveis do coração» e a dizer (na extinta 'Western Revue') que «poucos filmes souberam dizer tão pouco e sugerir tanto».
Gregory Peck desempenha aqui, de maneira notável, mais uma figura de homem do Oeste. Figura que tem a força e a veracidade daquelas que ele já encarnara noutros tempos e noutras ocasiões : a de, por exemplo, Lewt McCanles («Duelo ao Sol»), de Jimmy Ringo (O Pistoleiro Romântico») ou de James McKay («Da Terra Nascem os Homens»). Quanto a Eva Marie Saint -actriz que brilhara nalgumas obras das filmografias de Kazan e de Hitchcock- fez, nesta fita, a sua primeira e última experiência westerniana. A emocionante personagem de Sarah Carver permanecerá, no entanto, na memória de todos os amadores do género.
Note-se, por outro lado, que o produtor de «Emboscada na Sombra» não é outro senão Alan Pakula, que, em 1978, realizaria, ele próprio, um belíssimo western moderno intitulado (no original) «Comes a Horseman».
Como muitos outros excelentes westerns, «Emboscada na Sombra» ainda não teve, entre nós, honras de edição DVD. Incrível e lamentável!
(M. M. S.)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

«GERÓNIMO»

t.p.: «Gerónimo»
t.o.: «Geronimo»
t.f.: «Géronimo»
t.e.: «Geronimo»
t.br.: «Gerônimo»/«Sangue de Apache»

Ficha técnica

Realização : Arnold Laven
Ano de estreia : 1962
Guião : Pat Fielder
Fotografia (cor) : Alex Phillips
Música : Hugo Friedhofer
Montagem : Marsh Hendry
Produção : Arnold Laven
Distribuição : United Artists
Duração no cinema : 101 minutos

Ficha artística

Chuck Connors (Gerónimo), Kamala Devi (Teela), Ross Martin (Mangus), Pat Conway (Maynard), Adam West (Delahay), Enid Jaynes (Huera), Larry Dobkin (general Crook), Denver Pyle (senador Conrad), Armando Silvestre (Natchez), John Anderson (Burns), Amanda Ames (senhora Burns), Eduardo Noriega (coronel Morales), etc...
Sinopse
Cansado da guerra que os brancos lhe movem há vários anos, Gerónimo aceita submeter-se à autoridade militar, em troca da garantia de uma vida digna para o seu povo. Mas as suas esperanças esvaiem-se, quando o seu clã chega à reserva de San Carlos. O famoso chefe de guerra dos Apaches Mescaleros verifica, então, que fora abusado por falsas promessas, já que é evidente que os seus irmãos de raça vivem ali em condições degradantes, inaceitáveis.
Gerónimo acaba por convencer alguns dos seus companheiros a rebelar-se contra a gerência corrupta da reserva e contra a arrogância e a brutalidade da sua guarda, constituída por soldados de uma unidade de cavalaria.
O clã de Gerónimo, do qual agora faz parte Teela, a sua nova companheira, volta, assim, à sua antiga condição de perseguido. Mas, apesar da diferença numérica (e não só) desfavorável aos Apaches, o caudilho pele-vermelha resiste e até consegue levar a melhor nos confrontos que o opõem aos militares dos Estados Unidos. Militares que não hesitam recorrer à colaboração do exército mexicano, nem à utilização de material de guerra pesado -tal como a artilharia de campanha- para tentar submeter o inimigo.
Gerónimo continua a resistir. Mas face a problemas de vária ordem -gravidez de Teela, penúria de abastecimentos essenciais, etc- o chefe Apache cede, mais uma vez, às promessas dos brancos. Promessas feitas, desta vez, por um senador vindo especialmente de Washington e habilitado a falar com o destemido guerrilheiro índio em nome do próprio presidente dos Estados Unidos da América.
O futuro instruirá Gerónimo sobre o valor real das novas promessas feitas pelos brancos...
Comentário
Presumimos que, neste filme, o papel do mais notável estratego das guerras Apaches tenha sido confiado ao atlético Chuck Connors, pelo facto deste antigo campeão de basebol (descendente de imigrantes irlandeses, como o seu apelido claramente sugere) já ter encarnado a histórica personagem numa popular produção televisiva.
Este «Gerónimo» de Arnold Laven é uma série B simpática. Não passa, no entanto, disso, de uma banal fita de aventuras, que não se pode levar muito a sério no que respeita o seu conteúdo. Com efeito, o final do filme é mesmo um tanto enganador, já que deixa planar a ideia de que Gerónimo e os Apaches que ele chefiou foram, depois da rendição ilustrada pelas derradeiras imagens desta película, alvo de um tratamento justo e puderam passar a viver condignamente e em paz nos seus territórios ancestrais. Ora, do ponto de vista histórico, isso é puro logro, pois é sabido que as autoridades brancas fizeram, então e uma vez mais, aos Apaches promessas falaciosas, que nunca tiveram a mínima intenção de respeitar. Assim, depois dessa definitiva rendição às autoridades americanas, Gerónimo e o seu povo seriam deportados para uma reserva da longínqua Flórida, onde quase todos eles -incluindo o seu famoso líder- acabaram por morrer, minados pela doença, pela miséria e, sobretudo, pelas saudades da Apacheria perdida.
Gerónimo foi um dos resistentes pele-vermelhas que mais interessou a máquina de produção hollywoodesca. A sua personagem foi evocada em dezenas de westerns. Quase sempre como uma personagem negativa, como um ser sanguinário, como um animal feroz. Foi necessário esperar por meados da década de 50 (do século XX, naturalmente), para que as mentalidades evoluissem e para que, enfim, fosse feita justiça a este insigne cabo-de-guerra ameríndio, que venceu generais e chegou (com o seu escasso número de guerreiros) a mobilizar metade do exército dos Estados Unidos, antes de se render. E isso, numa altura em que o punhado de combatentes sob o seu mando morria literalmente de fome...
(M. M. S.)

domingo, 11 de novembro de 2007

«HORIZONTES DESCONHECIDOS»

t.p.: «Horizontes Desconhecidos»
t.o.: «The Far Horizons»
t.f.: «Horizons Lointains»
t.e.: «Horizontes Azules»
t.br.: «Aventura Sangrenta»

Ficha técnica

Realização : Rudolph Mate
Ano de estreia : 1955
Guião : Winston Miller e Edmund H. North
Fotografia (cor) : Daniel L. Fapp
Música : Hans Salter
Montagem : Frank Bracht
Produção : William H. Pine e William C. Thomas
Distribuição : Paramount Pictures
Duração no cinema : 107 minutos

Ficha artística

Fred MacMurray (Merriwether Lewis), Charlton Heston (William Clark), Donna Reed (Sacajawea), Barbara Hale (Julia Hancock), William Demarest (sargento Gass), Alan Reed (Charboneau), Eduardo Noriega (Cameahwait), Larry Pernnell (Wild Eagle), Herbert Heyes (presisente Jefferson), Lester Matthews (sr. Hancock), Ralph Moody (LeBorgne), etc...

Sinopse

Indigitados pelo presidente dos Estados Unidos para comandarem uma coluna militar que deverá percorrer a Luisiana (território de contornos mal definidos, recentemente comprado à França napoleónica) e de prolongar, se possível, a viagem até à costa do Pacífico, o capitão Lewis e o tenente Clark empreendem a subida do rio Missouri.
Numa aldeia de índios Minatarees os dois oficiais vão travar conhecimento com Sacajawea, uma princesa Shoshone cativa, cujo povo vive numa das regiões do Alto Missouri que a expedição deverá atravessar.

Tendo ganho a confiança dos exploradores ao alertá-los para um pérfido ataque planeado pelos seus raptores, Sacajawea é resgatada por Lewis e Clark e autorizada a acompanhar a coluna que, naturalmente, acaba por restitui-la sã e salva à sua tribo agradecida.
De tal modo agradecida, que os Shoshones vão facultar aos expedicionários, além de um precioso apoio logístico, os guias que garantirão o sucesso da aventurosa travessia, efectuada através de regiões que, antes deles, nenhum outro branco havia profanado com a sua presença de mensageiro da civilização.
Os sentimentos de grande amizade e de franca camaradagem que unem os dois chefes da expedição vão, porém, degradar-se, à medida que o tempo passa e concorre para fortalecer o amor de William Clark pela formosa princesa pele-vermelha. É que Lewis não pode, nem quer esquecer que o seu companheiro de missão prometera casamento à aristocrática Julia Hancock, mulher que ele próprio desejava ardentemente e sonhara, um dia, desposar...
Comentário
Foi Della Gould Emmons quem, aproveitando-se do fundo histórico da expedição de Lewis e Clark, escreveu a novela «Sacajawea of the Shoshones» e sugeriu, assim, aos guionistas Miller e North, o tema e a trama deste colorido e movimentado filme de aventuras, realizado por Rudolph Mate.
A famosa viagem de exploração de Merriwether Lewis (um veterano da Guerra de Independência e ex-secretário privado do presidente Jefferson) e William Clark (oficial do exército e cartógrafo) iniciou-se em 1804 e terminou 18 meses mais tarde -em 15 de Novembro de 1805- nas margens do Pacífico. Os Estados Unidos da América davam, assim, consistência às suas pretensões de alargar o território nacional das costas da Nova Inglaterra (berço da pátria) até à cobiçada Califórnia, longínqua terra banhada pelo oceano baptizado por Fernão de Magalhães.
Está hoje historicamente estabelecido que uma mulher pele-vermelha, de nome Sacajawea, acompanhou os expedicionários, ajudando-os -na sua qualidade de guia- a franquear as Montanhas Rochosas. Refira-se, ainda, que pelo nome de Luisiana se designava a generalidade dos territórios (extra-canadianos) pertencentes à França na América do norte; e que esses territórios foram cedidos ao governo de Washington (em 1803) pelo então Primeiro Cônsul Napoleão Bonaparte, a troco de 80 milhões de Francos.
A propósito do filme em apreço, lembramos que Rudolph Mate, seu realizador, chegou a ser um dos mais célebres e categorizados operadores de câmara de Hollywood. E que a ele se ficaram a dever (entre outras) as imagens dos inesquecíveis filmes «Joana d'Arc», de Dreyer, e «Gilda», de Charles Vidor.
«Horizontes Desconhecidos» não é nem uma obra-prima do cinema, nem um modelo de rigor histórico sobre a viagem de exploração que o inspirou. Longe disso! É apenas um produto corrente da Hollywood dos chamados Anos de Ouro, que se vê com alguma nostalgia e algum carinho meio século depois da sua estreia. O trio de actores principais (simpático e competente) não deve ter guardado recordações imperecíveis deste trabalho verdadeiramente sem grande importância na carreira de cada um deles. Afinal o que salva esta película do total esquecimento é, sem dúvida, a qualidade da fotografia de Daniel L. Fapp, que faz lembrar -a cores- as imagens que vimos em «Céu Aberto», a inolvidável fita de Howard Hawks. Que, com esta sua obra, nos propôs um tema similar, mas com uma qualidade nitidamente superior.
O DVD com a cópia de «Horizontes Desconhecidos» já foi editado na América do norte (zona 1). Mas, que saibamos, o referido suporte videográfico só contém a versão original, não legendada, do filme. Os coleccionadores europeus aguardam agora a sua difusão no Velho Mundo, com dobragem e/ou legendagem numa língua compreensível pelos não-anglófonos.
(M. M. S.)

sábado, 10 de novembro de 2007

«GIGANTES DA FLORESTA»

t.p.: «Gigantes da Floresta»
t.o.: «The Big Trees»
t.f: «La Vallée des Géants»
t.e.: «La Ley de la Fuerza»
t.br.: «Floresta Maldita»

Ficha técnica

Realização : Felix Feist
Ano de estreia : 1952
Guião : John Twist e James R. Webb
Fotografia (cor) : Bert Glennon
Música : Heinz Roemheld
Montagem : Clarence Kolster
Produção : Louis F. Edelman
Distribuição : Warner Bros.
Duração no cinema : 89 minutos

Ficha artística

Kirk Douglas (Jim Fallon), Eve Miller (Alicia Chadwick), Patrice Wymore (Daisy Fisher), Edgar Buchanan (Yukon Burns), John Archer (Frenchy LeCroix), Alan Hale Jr. (Tiny), Roy Roberts (juíz Crenshaw), Charles Meredith (Elder Bixby), Harry Cording (Cleve Gregg), etc...

Sinopse

Jim Fallon é um negociante de madeiras implicado em negócios pouco límpidos. Depois de ter superado, uma vez mais, o conflito que o opõe à sua própria equipa de lenhadores (que lhe reclama o pagamento de salários em atraso), Jim envia o seu novo amigo Yukon Burns à Califórnia, para que ele ali estude as possibilidades de aquisição de um interessante lote de floresta.
Acontece, porém, que os bosques cobiçados pelo pouco escrupuloso Fallon se situam na região de Redwood, onde vive uma comunidade religiosa intransigente, que entende proteger as suas sequóias milenares da gula dos forasteiros.
Assim, quando o negociante chega à Califórnia, acompanhado pelo seu ruidoso grupo de madeireiros, encontra pela frente a bela Alicia Chadwick, que preside o comitê de defesa das gigantescas árvores que Fallon decidira abater.

Na guerra aberta que vai opor o industrial de madeiras aos interesses de uma companhia rival e aos membros da comunidade religiosa, o sangue de inocentes vai ser derramado. O próprio pai de Alicia perece num acidente voluntariamente provocado por Frenchy, um ex-apaniguado de Jim, e o simpático Yukon é cobardemente assassinado.
Perante a violência que ameaça avassalar toda a região e o drama que ensombra o amor nascente entre Jim e Alicia, o negociante de madeiras rende-se ao charme da sua futura mulher e renuncia, definitivamente, ao corte das majestosas árvores de Redwood.

Comentário

«Gigantes da Floresta» é um pequeno western, um tanto periférico, que combina a acção própria do cinema de aventuras com algumas preocupações de carácter ecológico. Diga-se que esta sua última característica confere a esta modesta fita de Felix Feist uma actualidade inesperada. É que, apesar das suas insuficiências, «Gigantes da Floresta» até pode servir de bandeira àqueles que, nos nossos dias, militam corajosamente pela salvaguarda do património florestal deste planeta, tão maltratado pela ganância e pela prepotência de quem manda.

Lembramos que o quadro, a história e o espírito desta fita têm muitas afinidades com as que presidiram à realização de «Valley of the Giants», uma obra dirigida em 1938 por William Keighley e igualmente produzida pela companhia dos irmãos Warner.
Salientamos, em «Gigantes da Floresta», a belíssima prestação interpretativa de Kirk Douglas, que, neste filme -visualmente muito bonito e recheado de cenas espectaculares- sobressai literalmente do trabalho dos actores contratados pela produção.
E nada mais temos a dizer desta banal saga silvícola; desta película de qualidade e interesse medianos, situada, aliás, ao nível do resto da obra fílmica do seu autor, na qual não se vislumbra a sombra de uma realização realmente marcante e digna de especial menção.

(M.M.S.)