terça-feira, 13 de novembro de 2007

«EMBOSCADA NA SOMBRA»

t.p.: «Emboscada na Sombra»
t.o.: «The Stalking Moon»
t.f.: «L'Homme Sauvage»
t.e.: «La Noche de los Gigantes»
t.br.: «A Noite da Emboscada»

Ficha técnica

Realização : Robert Mulligan
Ano de estreia : 1969
Guião : Alvin Sargent
Fotografia (cor) : Charles Lang
Música : Fred Karlin
Montagem : Aaron Stell
Produção : Alan Pakula
Distribuição : National General Pictures
Duração no cinema : 109 minutos

Ficha artística

Gregory Peck (Sam Varner), Eva Marie Saint (Sarah Carver), Robert Forster (Nick Tana), Frank Silvera (o oficial de cavalaria), Noland Clay (o filho de Sarah), Russell Thorson (Ned), Sandy Wyeth (Rachel), Nathaniel Narcisco (Salvaje), Lonny Chapman (Purdue), Henry Beckman (sargento Rudabaugh), etc...
Sinopse
Está-se em 1881, no território do Arizona. Durante a sua última missão ao serviço do exército dos Estados Unidos, o batedor Sam Varner ajuda a capturar um grupo de Apaches rebeldes. Entre eles encontram-se uma cativa de nome Sarah Carver e o seu filho, um menino mestiço.
Acedendo ao insistente pedido da ex-prisioneira dos pele-vermelhas, Varner acompanha-a (mai-lo filho) a um posto de passagem da diligência; posto que, durante uma breve ausência de Sam, de Sarah e do petiz, é atacado e destruído por um grupo de Apaches chefiados pelo implacável Salvaje.
Verificando que a mulher que se colocara (com o filho) sob a sua protecção não tem para onde ir, Sam Varner propõe-lhe que o acompanhe ao Novo México, onde ele possui um rancho e se quer dedicar -agora que está aposentado- à criação de gado. Sarah aceita a proposta que lhe é feita e instala-se em casa do seu benfeitor, depois de lhe ter confidenciado que o seu menino é filho de Salvaje.
Alguns dias mais tarde, surge no rancho um amigo de Sam -o mestiço Nick Tana- que vem prevenir o antigo batedor do exército da eminência de um ataque do pai da criança. E, com efeito, Salvaje não tarda a manifestar a sua presença na região, cometendo uma série de crimes hediondos contra os pacíficos vizinhos de Varner.
Sam prepara-se para afrontar o seu invisível inimigo. Mas Salvaje é um guerreiro ardiloso, um combatente fantástico, que sabe aproveitar-se das características do terreno que pisa para cair sobre o adversário no momento em que este menos o espera. Nessas circunstâncias, Sam Varner é ferido gravemente pelo seu temível inimigo. Mas acaba por levar a melhor na luta contra essa sanguinária criatura que é Salvaje e por garantir (finalmente!) a segurança e a paz aos seus protegidos.
Comentário
Esta obra do apreciado cineasta Robert Mulligan é uma película discrepante, incaracterística, no panorama do cinema western. «Emboscada na Sombra» é, com efeito, uma estranha história de terror imaginada -para o quadro majestoso do Oeste americano de fins do século XIX- pelo romancista Theodore V. Olsen e muito bem adaptada pelo guionista Alvin Sargent.
A angústia do espectador passa aqui, gradualmente, da simples preocupação pelo que de mal possa vir a acontecer a certas personagens simpáticas da fita (Sam e Sarah, essencialmente) ao assombro; e evolui deste sentimento até ao pavor mais aflitivo, a partir do momento em que se manifesta (já no final do filme) a inquietante e fugidia presença do impiedoso Salvaje. «É necessário possuir nervos de aço par poder suportar tal suspense», escreveu-se na conceituada revista 'Life', aquando da estreia deste insólito western.
Apesar destas suas duras características, «Emboscada na Sombra» encerra, também, uma história romântica, embora algo traumatizante : a do amor que, pouco a pouco, se vai insinuando nas tímidas relações estabelecidas entre Sam e Sarah e que nenhum deles consegue exprimir por palavras. Esse amor entre um homem duro e solitário e uma pobre mulher que sofrera as agruras do cativeiro e o estigma de uma união imposta pela selvajaria do seu captor, é, pois, aqui subtilmente induzido por Mulligan. O que levou François Guerif a falar de «ligações invisíveis do coração» e a dizer (na extinta 'Western Revue') que «poucos filmes souberam dizer tão pouco e sugerir tanto».
Gregory Peck desempenha aqui, de maneira notável, mais uma figura de homem do Oeste. Figura que tem a força e a veracidade daquelas que ele já encarnara noutros tempos e noutras ocasiões : a de, por exemplo, Lewt McCanles («Duelo ao Sol»), de Jimmy Ringo (O Pistoleiro Romântico») ou de James McKay («Da Terra Nascem os Homens»). Quanto a Eva Marie Saint -actriz que brilhara nalgumas obras das filmografias de Kazan e de Hitchcock- fez, nesta fita, a sua primeira e última experiência westerniana. A emocionante personagem de Sarah Carver permanecerá, no entanto, na memória de todos os amadores do género.
Note-se, por outro lado, que o produtor de «Emboscada na Sombra» não é outro senão Alan Pakula, que, em 1978, realizaria, ele próprio, um belíssimo western moderno intitulado (no original) «Comes a Horseman».
Como muitos outros excelentes westerns, «Emboscada na Sombra» ainda não teve, entre nós, honras de edição DVD. Incrível e lamentável!
(M. M. S.)

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